Eleições 2022: Oitiva da PF não afeta campanha de Bolsonaro, diz especialista
A determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) prestasse depoimento na sede da Polícia Federal nesta sexta-feira, 28, sobre o suposto vazamento de dados sigilosos da corporação, não afetaria a campanha diante da opinião pública e nem tiraria votos do presidente, afirmou ao Broadcast Político o cientista Político André Rosa.
"A questão do Bolsonaro depor à PF ou faltar a esse depoimento, em termos eleitorais, para opinião pública, é muito pouco. Pouco porque é uma suspeita, pouco porque não é um tema que vai ser tão palpável na opinião pública", afirmou. Para André, talvez o impacto ocorresse apenas entre juristas, "mas esse grupo é minoritário, ou seja, em termos eleitorais, não tem influência alguma, não é um tema que vai repercutir de uma forma que vai tirar votos do Bolsonaro", avalia.
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Na visão do especialista, o que poderia, de fato, desestabilizar a candidatura do presidente, seria o movimento da oposição, aproveitando desses eventos adversos e somando a outros que possam ocorrer para tentar enfraquecer o poder de comunicação do atual chefe do Executivo com o eleitorado, fazendo ele perder poder de fogo. "A partir do momento que o marketing político do Bolsonaro tem que ficar preocupado em desfazer denúncias, em criar narrativas de comunicação para neutralizar essas denúncias, ele perde poder de fogo", pontuou. "Precisa de um acúmulo de pequenas convocações e de pequenos problemas judiciais para que isso realmente vá de fato atrapalhar", completa.
Ainda segundo André, um ambiente de crise na ciência política, geralmente antecede um grande fato, numa sequência de pequenos acontecimentos, que, na maioria desses processos criminais, "são mais graves e até 'estrategicamente segurado' para que ele aconteça no momento certo, no momento de maior fragilidade".
Sobre o presidente ter que comparecer presencialmente à PF para fazer o depoimento e não entregá-lo por escrito, como fez o ex-presidente Michel Temer em 2017, no caso das gravações da JBS, o cientista destacou que o Judiciário, apesar de ter uma veia altamente institucional e normativa, "ao contrário do que muitos pensam", o movimento dos agentes é "amplamente político".
"Quando a gente fala em judiciário, a gente não pode imaginar um instituição amplamente técnica, a tecnicidade dessa instituição é a raiz, mas o movimento é totalmente político", avaliou.
O especialista destaca, por exemplo, que Bolsonaro procura a reeleição, diferente de Temer, além da própria questão envolvendo perseguição de Bolsonaro ao Judiciário. "Para o Bolsonaro, a questão de depor presencialmente gera muito mais impacto", ressaltou. "Certamente são dois pesos diferentes."
Ausência
Bolsonaro não compareceu à Superintendência da PF nesta sexta-feira. Ao invés disso, o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Bruno Bianco Leal, apresentou um agravo de instrumento ao Supremo para que o presidente não seja ouvido pelas autoridades policiais até que o plenário da Corte se reúna para julgar a decisão de Moraes.