Moro recebeu R$ 200 mil por parecer favorável a bilionário israelense em disputa contra a Vale
O documento de novembro de 2020 teve conclusão contrária aos interesses da mineradora brasileira e favorável aos do israelense
18:22 | Jan. 27, 2022
O pré-candidato à Presidência pelo Podemos, Sérgio Moro, recebeu cerca de R$ 200 mil para emitir um parecer de 54 páginas favorável ao empresário israelense Beny Steinmetz, pivô de um litígio internacional bilionário com a Vale. A informação dos valores é da Folha de São Paulo.
O documento de novembro de 2020, que teve conclusão contrária aos interesses da mineradora brasileira e favorável aos do israelense, foi assinado dias após o ex-juiz federal encerrar a quarentena de seis meses que cumpriu devido à sua participação no governo Jair Bolsonaro, como ministro da Justiça.
Steinmetz está envolvido em um litigio com a mineradora brasileira sobre um contrato exploração de uma mina na Guiné. No parecer, Moro sustenta a tese de que a Vale teria ocultado os riscos envolvidos no negócio.
Steinmetz tenta provar que a mineradora deu informações falsas ao tribunal arbitral em Londres em que a empresa brasileira conseguiu uma sentença favorável de US$ 2 bilhões contra o israelense.
A Vale comprou de Steinmetz 51% da BSG Resources (BSGR), que possui licenças de exploração de minério de ferro em uma transação de US$ 2,5 bilhões. A Vale pagou US$ 500 milhões antecipadamente ao empresário israelense.
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Um ano após o negócio, o presidente eleito da Guiné, Alpha Condé, revisou todas as concessões de exploração de minérios de governos anteriores. A investigação no país africano encontrou indícios de suborno na concessão das minas a Steinmetz, em 2008, quando o país era governado por Lansana Conté, um militar que deu um golpe de estado que durou 24 anos.
Com isso, a Vale buscou reparação na corte arbitral de Londres, que deu razão a mineradora brasileira. Menos de um mês após a emissão do parecer, Moro foi contratado pela Alvarez & Marsal que atua na recuperação judicial de empresas atingidas pela "lava jato".