"O Lula que está vindo aí não é o Lula para enfrentar a miséria e a fome", diz Ciro Nogueira
Com ataques a Lula e a Sergio Moro, o ministro da Casa Civil diz estar convicto de que Bolsonaro será reeleito. "Ele vai ganhar. O país nunca deixou de reeleger um presidente. Quem reelege o presidente é a economia, e a vida das pessoas vai melhorar".
22:55 | Jan. 26, 2022
Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, enfatizou apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e fez críticas ao ex-presidente Lula (PT) e ao ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro (Podemos).
Ciro diz estar certo de que Bolsonaro derrotará Lula nas eleições presidenciais deste ano. Segundo ele, o Brasil nunca deixou de reeleger um presidente e existem pesquisas revelando que se a inflação cair e o emprego retornar ao crescimento, 40% das pessoas que hoje não manifestam apoio a Bolsonaro, podem vir a manifestar.
“Ele não vai ganhar. As pessoas pensam no Lula de 2002. Se você for comprar um celular para a sua filha, você vai comprar um celular de 2002 ou de 2022? Aquilo já passou. O Lula que está vindo aí não é o Lula para enfrentar a miséria e a fome. É o Lula para trazer de volta a Gleisi (Hoffmann) e o José Dirceu de volta. Essas pessoas que fizeram tanto mal e quebraram as estatais do nosso país”, disse o ministro. Para ele, hoje temos outra realidade no Brasil e que o país não vai retroceder.
Nogueira projeta ainda que a disputa nas eleições será entre Lula e Bolsonaro e que os nomes da terceira via não têm chances contra eles. “Para tirar o Lula ou o Bolsonaro, não vi ninguém até hoje que tenha esse potencial. Tenho enorme respeito pelo Ciro Gomes e pelo Doria. São pessoas que têm sua história, têm que ser respeitadas. Mas é um Fla-Flu da eleição. São dois candidatos que têm potencial”.
O ministro afirma que ainda há tempo para reverter o cenário mostrado pelas pesquisas eleitorais, no qual Lula está na frente de Bolsonaro. “Temos hoje uma campanha em que o ex-presidente Lula é o Lula do Alckmin (ex-governador de São Paulo), do Macron (presidente da França), do partido Democracia Cristã alemão. O Lula que conheço e que as pessoas vão conhecer na campanha é o Lula da Gleisi, do Zé Dirceu, do (João) Vaccari. Esse é o Lula que tem muito mais identificação com Maduro (presidente da Venezuela) do que com Macron”, afirma.
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Para ele, o que chama de arrogância do Partido dos Trabalhadores está sendo importante para que as pessoas aprendam a identificar e separar e que os brasileiros não querem mais esse grupo do PT de volta ao comando do país. “Acompanho pesquisas qualitativas. Quando se coloca o Lula ao lado dessas pessoas, a rejeição é total. Isso vai fazer com que o PT acabe derrotando o Lula”, diz.
Em relação à candidatura de Sergio Moro, Ciro diz ter dúvidas se vai persistir até o final. “O Moro é um conflito ambulante. O Moro, quando era juiz, queria ser político. Virou político e quer permanecer juiz. É uma pessoa com conflitos. Tenho minhas dúvidas se ele vai permanecer até o final”, afirma.
Sobre Bolsonaro ter mudado de discurso na campanha e firmado aliança com o centrão e isso ter causado conflitos entre os bolsonaristas, Ciro aponta que o impacto disso na eleição será resolvido pelo Centrão.
"Temos um terço do eleitorado para Bolsonaro, um terço para Lula. Quem vai decidir é o centro. Por isso, há esse desespero do Lula de deixar esse pessoal escondido e ir para o lado do Alckmin. O presidente Bolsonaro já tem aproximação muito mais consistente, tanto que os partidos mais relevantes de centro estão com ele”, diz.
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Segundo ele, Lula estava querendo revogar a reforma trabalhista e regular a mídia, e isso seriam coisas que o afastam de pessoas ligadas ao centrão. “O que reelege o presidente é a economia, se as pessoas estão melhorando de vida”.
Na visão de Ciro Nogueira, se não fosse a pandemia, o Brasil estaria próximo da China. “Não tenha dúvidas que voltamos com a maioria dos índices anteriores à pandemia e agora nós temos agora um potencial de crescimento muito grande”.
Uma das atribuições de Ciro Nogueira na campanha de Bolsonaro será auxiliar na montagem dos palanques estaduais, contudo existem membros de seu partido que preferem apoiar Lula.
No entendimento do ministro da Casa Civil, estas posições devem ser respeitadas e que isso não acontece somente em um partido. “Isso exige uma determinação nossa de alinharmos estado por estado. Temos um fator um pouco mais forte no Nordeste, onde tem uma força eleitoral do Lula que é muito menor do que a força que o Lula tinha na eleição passada. Os índices do Lula hoje são menores do que o de Haddad, que é muito mais fraco que o Lula”, diz.
Ciro diz que o maior partido no Nordeste hoje é dele, o Progressistas, e para o próprio isso conta muito. “As eleições presidenciais refletem o que acontece na eleição municipal. Acredito que o crescimento dos partidos de centro, principalmente aliados ao governo, foram muito fortes e creio que isso vai melhorar muito o desempenho do presidente, que na eleição passada não tinha praticamente o apoio de ninguém”.
A respeito do União Brasil e as diferenças entre o presidente do partido, Luciano Bivar e Bolsonaro, Ciro diz que as conversas permanecem e que tem esperança que eles marchem junto deles nas eleições. “Desavenças eu também tive, superei e hoje estou ministro”.
Para ele, a eleição presidencial só terá praticamente dois lados. “Com todo o respeito aos outros candidatos, mas a disputa vai ser entre Bolsonaro e Lula. Então, o União Brasil não vai apoiar o PT. É muito mais fácil vir eles nos apoiar ou ficarem neutros”. O ministro afirma ainda que irá trabalhar até o último dia para que o União Brasil apoie Bolsonaro na corrida pelo Planalto.