Após enterro da mãe, Bolsonaro volta a minimizar mortes de crianças por Covid
O presidente da República esteve em Eldorado para o sepultamento de dona Olinda, que faleceu na madrugada dessa sexta-feira, 21, aos 94 anos
14:40 | Jan. 22, 2022
Um dia após o enterro da mãe, Olinda Bonturi Bolsonaro, 94, em Eldorado (SP), o presidente Jair Bolsonaro (PL) conversou por mais de uma hora com jornalistas e moradores da região. Durante o encontro na manhã deste sábado, 22, o mandatário voltou minimizar o número de mortes de crianças por Covid-19, criticou o governo Lula e falou em zerar imposto do diesel.
"Se você analisar, 2020, 2021, mesmo na crise da coronavírus, ninguém ouviu dizer que estava precisando de UTI infantil. Não teve. Não tivemos. Eu desconheço criança baixar no hospital. Algumas morreram? Sim, morreram. Lamento, profundamente, tá. Mas é um número insignificante e tem que se levar em conta se ela tinha outras comorbidades também", disse.
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De acordo com dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), desde o começo da pandemia até 6 de dezembro de 2021, no Brasil, foram registradas 301 mortes de crianças entre 5 e 11 anos por Covid-19.
Bolsonaro também afirmou que a vacina para o público infantil não é obrigatória e que devem ser citados possíveis efeitos colaterais. "A vacina para crianças não é obrigatória. E tem que ser falado o que por ocasião da vacinação? Quem for aplicar a vacina? Olha, tá aqui teu filho, de cinco anos de idade. Ele pode ter palpitação, dores no peito e falta de ar. Vai ser dito para ele, como está no despacho do Lewandowski?", disse, em referência à ordem do ministro do STF que determina que órgãos do Ministério Público investiguem pais que se recusem a vacinar os próprios filhos.
Bolsonaro ainda falou de "censura" quando se trata de questionar informações sobre a pandemia. "Se você discutir Covid, passou a ser crime. Se falar qualquer coisa sobre vacina, passou a ser crime, derruba a sua página. Cadê nossa liberdade de expressão para debater? Sobrou a rede de 'zap'".
Ele também falou sobre uma PEC (proposta de emenda à Constituição) para autorizar a redução temporária de tributos sobre combustíveis, aposta do ano eleitoral.
Bolsonaro voltou a destacar que a PEC é autorizativa. "Eu vi um órgão de imprensa dizendo que com essa PEC da imprensa eu quero confusão com os governadores. Confusão se fosse uma determinação, a PEC é autorizativa. Eu garanto para você, se a PEC passar, no segundo seguinte à promulgação eu zero o imposto federal do diesel no Brasil", disse.
"Não quero brigar com o governador. Quero dar a chance para ele diminuir o ICMS se ele achar que pode diminuir", acrescentou.
O presidente aproveitou para rebater boa parte das críticas da oposição à sua gestão. E adotou a estratégia de comparar sua gestão com a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto.
"Quando se fala 'no meu governo se comia melhor'... O Lula governou sem teto [de gastos]. Podia gastar à vontade", disse. Mesmo assim, diz Bolsonaro, no governo petista não teria sido feito um Bolsa Família "razoável" para as pessoas, citando valores maiores em sua gestão.