Qual a aposta do PDT ao lançar pré-candidatura de Ciro, o "rebelde", nesta sexta, 21?

Nos últimos dias, Ciro tem divulgado nas redes sociais prometendo fazer um "forte discurso" e tendo, inclusive, antecipado o slogan de sua campanha: "Ciro, a rebeldia da esperança"

De olho nas eleições presidenciais de 2022, o PDT anunciou que realizará uma convenção nacional onde espera-se que ocorra o lançamento oficial da pré-candidatura do ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) a presidente da República. O evento, que ocorrerá em Brasília, tem o início previsto para às 16h30min desta sexta-feira, 21.

“É amanhã (21). A Convenção Nacional do PDT vai reunir as forças do Trabalhismo para definir as bases de 2022 e alcançar muitas vitórias neste ano essencial para a retomada de um Brasil com dignidade para todos”, escreveu o perfil da legenda no Twitter.

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Nos últimos dias, Ciro tem divulgado o encontro em seus perfis nas redes sociais, prometendo fazer um “forte discurso” e tendo, inclusive, antecipado o slogan de sua campanha que passará a ser: “Ciro, a rebeldia da esperança”. “Esta frase é mais que um slogan, é o lema da minha vida! Há mais surpresas na sexta”, alertou o pedetista.

Caso a candidatura seja oficializada, o evento servirá ainda como resposta às especulações de que a legenda poderia desistir de lançar um nome próprio na disputa presidencial deste ano. Pesquisa do Instituto Ipespe divulgada no último dia 14, mostrou que Ciro tem 7% das intenções de voto para presidente no primeiro turno. Ele aparece atrás do ex-presidente Lula (44%), do presidente Jair Bolsonaro (24%) e do ex-juiz Sergio Moro (9%).

A cientista política Monalisa Torres, professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), apontou que o evento de amanhã terá um apelo, também, para reforçar a identidade do PDT e do ex-governador Leonel Brizola numa espécie de tentativa de consolidar a imagem de Ciro dentro do próprio partido. “Ciro transitou por vários partidos, então ele aproveitaria esse grande evento do PDT, em homenagem a sua grande figura política (Brizola), para de algum modo se colocar”.

A especialista destaca que, ao longo dos últimos meses, Ciro vem tentando reposicionar sua imagem. “Ele tenta construir estratégias que o tiram do lugar. Aquele Ciro Games (programa semanal nas redes sociais), participação em podcasts, perfis com linguagens específicas. Vejo uma pegada de se comunicar com um público mais jovem”, completa.

Torres avalia a escolha da palavra "rebeldia" em seu slogan como modo de tentar descolar dele uma imagem de “arrogância e autoritarismo pregada por seus opositores”. A ideia, segundo ela, é passar a imagem de que Ciro não é autoritário, mas rebelde. “Um rebelde com projeto de País. Imagino que seja uma jogada para tentar positivar uma característica historicamente mal vista por alguns setores de que ele é arrogante, autoritário, língua solta. Ele sempre foi assim desde que entrou na política”, comentou.

Cleyton Monte, professor vinculado ao Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), projeta que o evento servirá como forma de tentar convencer partidos de grande porte a unirem-se ao projeto de Ciro. “Nesse momento, muito mais do que convencer o eleitorado, ele tem que convencer os partidos. O evento de amanhã é sobre isso. Convencer partidos de médio e grande porte para ter envergadura eleitoral.

O pesquisador aponta que existe um movimento dentro do PDT, principalmente na bancada federal, que vê com certa apreensão a candidatura do Ciro e os números obtidos nas pesquisas eleitorais. “Esse grupo pressiona Lupi (presidente nacional da sigla). Então um lançamento tão antecipado como esse é também uma forma de sinalizar para os membros do partido que o PDT vai marchar com Ciro até o fim, independentemente dos números”.

Sobre a mudança de identidade visual, analistas ouvidos pelo O POVO apontam que a ideia é diversificar a figura de Ciro, muitas vezes visto como um político tradicional, oxigenando a imagem do ex-ministro e colocando-o em contato com outros públicos e setores.

A mudança de tom tem ainda significado político importante, pois mostra que Ciro tem o apoio da direção nacional do PDT, já que peças publicitárias e criação de slogans envolvem recursos e contratação de profissionais. Em teoria, se o partido se dispõe a investir nessas estratégias, significa que o apoio continua sólido apesar das pesquisas.

Apesar disso, Monte projeta que se até fevereiro ou março Ciro continuar com índice similar ao atual, ele irá “marchar sozinho”. “Dificilmente partidos de grande porte vão colocar seus recursos à disposição de uma candidatura que não atinge dois dígitos. Monte avalia ainda que apesar da pré-candidatura não ter nada de oficial, serve para reverberar. “Não é registro, nem convenção oficial estabelecida pela Justiça Eleitoral, mas existe para criar um fato político, repercutir e tentar criar uma unidade em torno daquele nome”, explica.

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