Policial do Choque carregado nos braços durante motim é expulso da PM

Já foram sete policiais expulsos e um demitido, além de oito que sofreram outras punições. Há 351 respondendo a processos administrativos disciplinares

19:56 | Jan. 18, 2022

Por: Carlos Holanda
Policiais militares durante o motim no Ceará, no 18ª Batalhão, em fevereiro de 2020 (foto: FCO FONTENELE/O POVO)

O soldado da Polícia Militar Gabriel Lima Martins foi punido com a expulsão da Polícia Militar por acusação de envolvimento no motim de 2020. Com ele, são oito policiais militares excluídos da corporação, sete expulsos e um demitido. A expulsão foi publicada pela Controladoria Geral de Disciplina (CGD) dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário no Diário Oficial do Estado desta terça-feira, 18.

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Além disso, foram punidos ainda os soldados da PM José Wendel Melo Siqueira e José Afonsio Parente Feijó Júnior, ambos com a pena de permanência disciplinar, pela qual eles devem permanecer retidos nos respectivos órgãos militares.

 

Gabriel aderiu à paralisação no dia 23 de fevereiro do 2020. Em frente ao 18º Batalhão da Polícia Militar (BPM), no bairro Antônio Bezerra, foi carregado nos ombros e celebrado pelos demais amotinados. Era uma força simbólica ao movimento que um policial de batalhão especializado se somasse. Nesse intuito, os gritos foram: "Ó, ó, ó, a Polícia é uma só."

O policial foi ao Batalhão fardado e com equipamentos das forças policiais, o que, segundo consta na decisão da CGD, reforça a "afronta à disciplina militar". 

"Em desprezo à sua unidade especializada e às instituições militares, verifica-se no vídeo da mídia da fl. 14 que sua chegada ao 18º BPM foi aclamada por policiais militares grevistas, tendo sido levado nos braços pelos amotinados. Com seu desdém para com a sua missão constitucional, feriu veementemente atributos fundamentais, determinantes da moral militar estadual, como a hierarquia, a disciplina, o profissionalismo, a lealdade, a honra, a honestidade, dentre outros", diz a decisão.

O soldado afirmou que foi diagnosticado, mês após o período do motim, com transtorno bipolar, mas salientou que já atravessava problemas psicológicos antes da paralisação. Disse que não foi ao 18º BPM armado. 

"Embora o acusado tenha alegado que já sofria com problemas psicológicos desde período anterior ao movimento grevista, os oficiais comandantes ouvidos como testemunhas nada relataram acerca de alterações do acusado durante seus serviços. Ao contrário disso, elogiaram a conduta do militar acusado, nada se pontuando sobre prejuízos no serviço ou restrições na autodeterminação do acusado", diz a decisão, contrariando versão do policial.

Gabriel Lima Martins pode recorrer da decisão dentro do prazo de dez dias corridos após publicação no DOE. Segundo o Governo do Ceará, atualmente, 351 policiais identificados por participarem do motim respondem a processos administrativos disciplinares. Estão em fase de instrução processual. Também existem investigações em curso que podem gerar novos processos.