Em vídeo, neonazista executa cachorro, ameaça servidor da Anvisa de morte e brada "Bolsonaro 2022"

O caso acontece dias depois de o presidente Jair Bolsonaro pedir que fossem divulgados os nomes dos servidores da Anvisa que autorizaram a aplicação da vacina contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos

16:28 | Dez. 29, 2021

Por: Filipe Pereira
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Um documento acessado e divulgado, nesta quarta-feira, 29, pela jornalista Natuza Nery, da GloboNews, revela uma série de ameaças aos diretores e técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No e-mail, um homem usa de ações neonazistas para intimidar os profissionais. Em vídeo anexado, ele aparece executando um cachorro (por enforcamento) e diz: "olha o que vai acontecer com vocês".

Durante transmissão ao vivo da emissora, a jornalista lê o documento: "Os senhores vão pagar caro. Irei me deslocar da minha casa no Rio Grande do Sul até Brasília e irei purificar a terra onde a Anvisa está instalada, usando combustível abençoado. O Apocalipse se aproxima".

Logo depois, o autor das mensagens informa seu CPF e sua localização. Ele prossegue: "Mas estarei bem longe quando o ministro Alexandre de Morares (chamado de Xandão) mandar os parasitas da PF aqui para casa". Segundo a jornalista, o homem termina com uma saudação nazista e um "Bolsonaro 2022"

O caso acontece dias depois de o presidente Jair Bolsonaro (PL) pedir, durante transmissão nas redes sociais, que fossem divulgados os nomes dos servidores da Anvisa que autorizaram a aplicação da vacina contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. 

Em resposta à declaração do presidente de que divulgaria o nome de seus servidores, a Anvisa publicou, em 17 de dezembro, uma nota em que diz estar “isenta de pressões internas e avesso a pressões externas”.

Nesta segunda-feira, 27, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, enviou à Procuradoria-Geral da República um pedido para que o presidente seja investigado por suposta intimidação de servidores da Anvisa.  O envio da notícia-crime à PGR é de praxe, já que cabe ao procurador-geral da República analisar pedidos de investigação sobre autoridades com foro privilegiado.