Relembre a postura de Bolsonaro em tragédias nos últimos anos

No primeiro ano de gestão, Bolsonaro esteve presente no local da tragédia de Brumadinho, mas a postura não foi unânime ao longo de outros acontecimentos, tendo o presidente terceirizado responsabilidades e minimizado impactos a depender do caso

Criticado por ter demorado a se posicionar sobre a situação de calamidade pública na Bahia, onde fortes chuvas deixam um rastro de destruição com pelo menos 20 mortes e dezenas de milhares de desabrigados, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem histórico em desastres recentes no Brasil. Como nos casos das queimadas no pantanal e da própria pandemia de Covid-19, que foi minimizada pelo gestor.

No caso da Bahia, Bolsonaro manifestou-se após cobranças de posicionamento e afirmou a intenção de editar medida provisória no valor de R$ 200 milhões para mitigar os efeitos das chuvas. O presidente deu a declaração de Santa Catarina, para onde viajou para passar as festas de fim de ano.

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No primeiro ano de gestão, Bolsonaro esteve presente no local da tragédia de Brumadinho, mas a postura não foi unânime ao longo de outros acontecimentos, tendo o presidente terceirizado responsabilidades e minimizado impactos a depender do caso.

Rompimento de Barragem em Brumadinho

Logo no primeiro mês do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019, o rompimento da barragem de Brumadinho marcou o debate público à época. Naquela ocasião, Bolsonaro, recém-empossado presidente, se inseriu rapidamente no cenário da tragédia, tendo sobrevoado a área, devastada por lama com rejeitos de mineração, no dia seguinte. Ao menos 270 pessoas morreram. A Vale foi apontada como a responsável pelo desastre.

O presidente coordenou ainda uma reunião de gabinete de crise e disse que o governo faria o que estivesse ao alcance para "prevenir novas tragédias" como as de Mariana (outra barragem que se rompeu em 2015) e de Brumadinho. "Difícil ficar diante de todo esse cenário e não se emocionar. Faremos o que estiver ao nosso alcance para atender as vítimas, minimizar danos, apurar fatos, cobrar justiça e prevenir novas tragédias como a de Mariana e Brumadinho, para o bem dos brasileiros e do meio ambiente", escreveu à época.

Manchas de Óleo no Nordeste

A costa nordestina mudou de cor em setembro de 2019, quando manchas de petróleo atingiram mais de 130 localidades. À época, o governo de Sergipe chegou a decretar situação de emergência. Um mês depois, em outubro, Bolsonaro chegou a afirmar que a responsabilidade pelas manchas de petróleo não era do Brasil porque havia sido “constatado” que a substância “não era produzida em nenhum poço brasileiro”.

O presidente chegou a cogitar um vazamento criminoso. Fato é que as manchas prejudicaram a biodiversidade marinha e causaram a morte de animais, dano a arrecifes e a áreas de proteção ambiental. O óleo comprometeu ainda atividades econômicas dos locais atingidos, como a pesca e o turismo dessas regiões litorâneas. Investigação do Ibama aponta que as manchas são de petróleo puro e que todas as amostras têm a mesma origem, mas ainda não foi possível afirmar de onde ele veio. A tragédia chamou atenção para uma melhoria no monitoramento de embarcações que transitam pela costa brasileira.

Chuvas em Minas Gerais

Em janeiro de 2020, Bolsonaro sobrevoou por uma hora a cidade de Belo Horizonte e outras cidades da região metropolitana atingidas por fortes chuvas que castigaram estados do Sudeste à época. Naquele mês, o governo federal anunciou a liberação de R$ 1 bilhão para ajudar os três Estados atingidos pelas chuvas: Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

“Estamos trabalhando ombro a ombro para buscar mitigar os problemas ocorridos com essa catástrofe que aconteceu nos últimos dias” afirmou o presidente em uma fala que durou menos de dois minutos. Depois do sobrevoo, Bolsonaro se reuniu com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e sete prefeitos para discutir a destinação de recursos. No fim de janeiro, os números relacionados às chuvas em Minas Gerais apontavam pelo menos 55 mortes e cerca de 50 mil pessoas precisaram deixar suas casas.

Queimadas no Pantanal e na Amazônia

Em 2020, durante discurso virtual na Assembleia-Geral da ONU, Bolsonaro culpou caboclos e indígenas pelas queimadas no País. O presidente disse que o governo foi vítima de uma grande “campanha de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal”. A agenda ambiental brasileira era, e ainda é, pressionada por agentes internacionais que cobram melhorias dos índices de desmatamento registrados no Brasil.

Em setembro de 2020, Bolsonaro disse que o Brasil estava “de parabéns” pela forma como preserva o meio ambiente. A declaração foi dada em meio ao aumento recorde nas queimadas no Pantanal e um dia depois de um grupo de oito países enviar uma carta ao governo afirmando que o desmatamento pode prejudicar as compras de produtos nacionais. Em outubro daquele ano, o presidente disse que não há como combater a destruição do bioma e que a Amazônia não pega fogo porque é uma “floresta úmida”.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostravam à época que o país registrava, em setembro, um recorde de queimadas na história do Pantanal. Até o dia 23, haviam sido registrados 6.048 focos incêndios no bioma, mais do que o recorde anterior, de agosto de 2005, com 5.993 focos. O Inpe é o órgão que monitora as queimadas desde 1998. Apenas em setembro daquele ano, o Pantanal teve 14% do bioma queimado.

Pandemia de Covid-19

Desde o início da pandemia de Covid-19 no Brasil, Bolsonaro assumiu postura negacionista, minimizando os efeitos do vírus em discursos oficiais e em entrevistas à imprensa e conversas com apoiadores. Já em 2020, o presidente chamou a Covid-19 de “gripezinha” e se negou a reconhecer que estava errado sobre a gravidade da situação.

Em abril daquele ano, em frente ao Planalto, quando um jornalista formulou uma pergunta sobre os números da pandemia, Jair Bolsonaro o interrompeu se negando a responder e afirmou: "Ô, ô, ô, cara. Quem fala de... eu não sou coveiro, tá?". Na ocasião, o Brasil chegava à marca de 40,6 mil casos confirmados e 2,5 mil mortes.

Além dessas, outras falas negligenciando a gravidade do vírus foram registradas ao longo daquele ano. Já em 2021, após o Brasil registrar novo recorde de mortes diárias por covid-19, Bolsonaro afirmou que era preciso parar de "frescura" e "mimimi", e perguntou até quando as pessoas "vão ficar chorando". Ele ainda chamou de "idiotas" os que cobravam mais agilidade do governo na compra de vacinas contra a doença. Atualmente, o Brasil já passou de 22 milhões de casos e se aproxima das 620 mil mortes por coronavírus.

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