Valim sanciona lei que proíbe linguagem neutra em escolas de Caucaia

Legislação argumenta que linguagem "não é reconhecida pela gramática"

20:24 | Dez. 28, 2021

Por: Carlos Holanda
Prefeito de Caucaia, Vitor Valim, testa positivo para a covid (foto: (Thais Mesquita/OPOVO))

O prefeito de Caucaia, Vitor Valim (Pros), sancionou no último dia 21 lei que proíbe o uso da linguagem neutra ou não-binária - que exclui a flexão de gênero - e "assuntos ligados à sexualidade" em escolas públicas e privadas do município.

O ato administrativo consta no Diário Oficial de Caucaia do dia 23 (página 3). A linguagem à qual a legislação se refere se propõe a incluir pessoas que não se identificam com os gêneros masculino ou feminino.   

"Ela não é reconhecida pela gramática e tem sido associada à ideologia de gênero. III - identidade de gênero: o conceito pessoal, individual, psíquico e subjetivo, divergente do sexo biológico, adotado pela pessoa", diz trecho da publicação no Diário Oficial do município.

O segundo artigo da lei determina sanções administrativas às instituições de ensino público ou privado e aos professores que ministrarem conteúdos ditos como "adversos aos estudantes, prejudicando direta ou indiretamente seu aprendizado à língua portuguesa culta."   

A lei também trata do uso de banheiros masculinos e femininos, determinando que devem ser utilizados exclusivamente segundo sexo biológico dos estudantes. Na prática, a medida repercute em pessoas transsexuais, em tese impedidas de acessar banheiros de gêneros com os quais se identificam. 

A linguagem neutra é um dos temas da chamada "agenda de costumes" que mobiliza a militância do presidente ultraconservador Jair Bolsonaro (PL). 

LEIA TAMBÉM: Eleito pela oposição, Vitor Valim troca elogios com Cid e Camilo em evento

Wagner minimiza Valim próximo de Cid e Camilo: "Grande gestão"

O presidente já externou o desejo de que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), responsável pelo ingresso de secundaristas no Ensino Superior, tenha a cara do seu governo. No início de dezembro, Bolsonaro abordou o modo de manejar a língua. 

"Lembra dois anos atrás a questão da linguagem neutra dos gays? Não tenho nada contra, nem a favor. Cada um faz o que bem entender com seu corpo. Mas por que a linguagem neutra dos gays? O que soma para gente numa redação?", ele disse.