Diferentemente de Bolsonaro com a Covid, ditadura militar apostou em vacinas contra meningite
Os esforços foram voltados para uma cobertura vacinal capaz de controlar a doença
O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem postura marcadamente antivacina, mas o Regime Militar (1964-1985) elogiado por ele defendeu a imunização em massa para o controle da meningite meningocócica à época, embora governantes de uma e outra época tenham se assemelhado na ação de negar as doenças e seus efeitos.
Os sinais do surto eram perceptíveis desde 1971. Mas, até meados de 1974, o governo de Ernesto Geisel (1974-1979) tentou esconder a infecção e seu alastramento pelo País, valendo-se até mesmo da censura à imprensa, com preocupação de que a notícia fosse politicamente danosa. É um ponto de convergência entre Geisel e Bolsonaro.
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Mas, como mostra reportagem do portal UOL sobre o tema, os esforços foram voltados para uma cobertura vacinal capaz de controlar a doença. Incluindo a aplicação em crianças, alvos mais recentes de desinformações do Ministério da Saúde, que entrou em rota de colisão com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Criado em 1973 e tornado lei em 1975, o Plano Nacional de Imunização (PNI) é reconhecido internacionalmente como uma política pública brasileira bem-sucedida. É o responsável por que movimentos antivacinas nunca tenham conseguido posição de destaque no debate público.
Na luta contra a meningite, o governo Geisel realizou campanhas sobre a importância da vacinação. As vacinas ainda eram aplicadas com grandes pistolas de ar comprimido, até se concluir que elas eram vetores de doenças.
Segundo o UOL, com a chegada do ministro da Saúde Paulo de Almeida Machado, 80 milhões de doses foram compradas para uso em públicos de todas as idades, a partir de seis meses de vida. O novo ministro tinha na equipe sanitaristas que compreendiam a importância de mobilizar a sociedade para o avanço da vacinação.
A meningite se caracteriza como uma inflamação nas membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. Alguns sintomas são dor de cabeça e na nuca, rigidez no pescoço, febre e vômito. Entre crianças e adolescentes, a doença pode atingir quadros severos rapidamente, evoluindo para perda dos sentidos, gangrena dos pés, pernas, braços e mãos. Pode ser causada por vários agentes infecciosos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) quer erradicar a meningite até 2030.
