Após vídeo de funcionários fazendo flexão, presidente da Caixa é denunciado ao MP por assédio moral

Os vídeos começaram a circular nessa quarta-feira, 15, e foram gravados pelos próprios funcionários em evento de fim de ano da Caixa em Atibaia (SP)

18:18 | Dez. 16, 2021

Por: Maria Eduarda Pessoa
Pedro Guimarães ordenou funcionários da Caixa a realizarem flexão em evento de fim de ano (foto: Reprodução)

Após vídeo no qual o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, aparece ordenando que funcionários façam flexões durante evento do banco público, o Sindicato dos Bancários de São Paulo prepara, junto com outras entidades representativas, uma denúncia junto ao Ministério Público do Trabalho “na qual serão elencados todos os relatos de assédio moral que estão sendo praticados institucionalmente na Caixa”.

O episódio foi o estopim para o sindicato tomar parte sobre o que classifica como comportamento abusivo de Pedro Guimarães, “sob ordens do governo federal”. A entidade alega que a gestão de Guimarães é repleta de “sobrecarga de trabalho, assédio moral e ameaças de descomissionamento”.

Segundo o órgão, “o mais recente episódio de assédio moral” cometido por Guimarães aconteceu no evento, onde o presidente pôs funcionários para fazerem flexões.

Os vídeos começaram a circular nessa quarta-feira, 15, e foram gravados pelos próprios funcionários em evento de fim de ano da Caixa em Atibaia (SP).

“O alto escalão da Caixa, diretores e vice-presidentes, foram constrangidos para fazerem flexões no palco do evento, que ainda contou com palestra do coronel da reserva e assessor do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Adriano de Souza Azevedo, reforçando a tônica militar presente em outros momentos do Nação Caixa. A cena das flexões foi repetida também por boa parte dos gestores na platéia”, diz trecho de nota divulgada.

“Essa é a ‘cultura institucional’ que Pedro Guimarães quer para a Caixa e seus empregados. Uma ‘cultura’ autoritária, baseada no assédio moral, no constrangimento, na humilhação. Um empregado com alto cargo, submetido a este constrangimento, passa a entender que este é o método de gestão que a chefia espera que ele aplique aos seus subordinados. E, dessa forma, a gestão pelo medo vai se alastrando por todos os níveis hierárquicos”, enfatiza o diretor do Sindicato e empregado da Caixa, Dionísio Reis.

Apesar da denúncia em andamento, de acordo com O Globo, Guimarães já foi notificado pelo procurador do Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal, Paulo Neto, que alertou sobre as imagens que circulam na internet.

No documento, o procurador alerta que esse tipo de ordem pode se configurar assédio moral. Ele recomenda que o executivo não faça mais isso, sob pena de responder a processo judicial.

“Recomenda ao senhor Pedro Duarte Guimarães, que na condição de presidente da Caixa Econômica Federal, abstenha-se de submeter os empregados do banco a flexões de braço e outras situações de constrangimento no trabalho ou dele recorrente sob pena de instauração de procedimento investigatório e adoção de medidas administrativa e judiciais cabíveis", afirmou o procurador.