Deputados cearenses repercutem operação da PF que teve Ciro e Cid como alvos

Base aliada ao grupo político de Ciro e Cid Gomes questiona intuito da operação, enquanto oposição defende aprofundamento das diligências

13:24 | Dez. 15, 2021

Por: Vítor Magalhães
Assembleia Legislativa do Ceará (Thais Mesquita/OPOVO) (foto: Thais Mesquita)

Deputados estaduais do Ceará repercutiram com O POVO as suas primeiras impressões sobre a operação da Polícia Federal (PF) que investiga suspeitas de pagamento de propina por obras do estádio Castelão para a Copa de 2014, e que teve endereços dos irmãos Ciro e Cid Gomes, ambos do PDT, como alvos de mandados de busca e apreensão.

O deputado Heitor Férrer (Solidariedade), oposição aos Ferreira Gomes e também ao governo Camilo (PT), disse que já havia pedido uma CPI envolvendo as obras do Castelão e que, à época, a comissão “não andou” porque ele não conseguiu o mínimo de assinaturas necessárias para instalação. “Eu fiz todas as tentativas. Nós já sabíamos que a obra precisava ser investigada. Essa investigação vem muito tarde, mas ainda bem que vem, porque certamente a PF, com o quadro e técnicos que tem, chegará ao propósito que é de investigar as irregularidades”.

Sobre a fala de Ciro Gomes de que a operação foi utilizada como uma maneira de prejudicar sua pré-candidatura a presidente, Férrer disse que “se tem o lado policialesco ou aparelhamento da PF isso logo logo será descoberto”.

O deputado estadual Salmito Filho (PDT), aliado de Ciro e Cid Gomes, disse que a disputa política faz parte da democracia, mas que a utilização de uma instituição para “fazer perseguição a adversário é autoritarismo”. De acordo com o parlamentar, a Arena Castelão foi a mais barata do Brasil e a primeira a ficar pronta, e Ciro não exercia, à época, nenhum cargo envolvido com a obra. “Porque fazer uma busca e apreensão na residência dele? Quem está utilizando a PF com esse fim? É o presidente da República? Ou o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro? Eu pergunto aqui”, completou Salmito durante sessão da AL–CE.

Já o deputado estadual André Fernandes (Republicanos), oposição aos Ferreira Gomes no Ceará, defendeu a investigação por se tratar de um suposto esquema de corrupção. “Ciro Gomes não tem foro privilegiado, a Polícia Federal tem que investigar”, pontuou.

Fernandes também comentou a sinalização de Ciro sobre a ação ser fruto de interferência de Bolsonaro na PF. “Nunca foi provado nenhuma interferência do presidente da República na PF, e se o presente tivesse interferido, a própria PF não estaria investigando o filho dele Jair Renan Bolsonaro. A PF é uma instituição independente e essa investigação aí não se dá por causa de Bolsonaro, se dá por causa de escândalo de corrupção”, concluiu.

Sérgio Aguiar (PDT), como boa parte da base aliada, defendeu a trajetória de Ciro e disse que o ocorrido trata-se de uma demonstração de que “as forças que estão à frente da União querem fazer, acima de tudo, que as instituições respeitadas e de credibilidade, como é o caso da PF, tenham o capricho de atender os detentores de poder”, sinalizando a proximidade do ano eleitoral como um dos interesses supostamente envolvidos.

O deputado Júlio Cesar Filho (Cidadania), líder do governo Camilo Santana (PT) na Assembleia, solidarizou-se com Ciro e Cid Gomes, e questionou a forma como a operação ocorreu; segundo ele, de "maneira estranha" e com intenção de intimidar adversários políticos que apontam irregularidades no governo federal.

Cesar Filho pediu que a PF aja de maneira isenta e "que investigue e que quem tiver culpa e ato ilícito que pague, agora direcionar investigação para homens honrados é de deixar qualquer cidadão, no mínimo, inquieto e quem dirá revoltado", finalizou.

Com informações do repórter Filipe Pereira.