Ronivaldo está em presídio feito para implicados na Lei Maria da Penha e público LGBTQIA+
Presídio considerado "mais leve", se comparado ao outras unidades do sistema prisional cearense, Irmã Imelda já abrigou DJ Ivis, Deusmar Queiroz e oferece atendimento psicossocial aos detentos
18:58 | Dez. 06, 2021
A unidade prisional onde o vereador Ronivaldo Maia (PT) está desde o último dia 30 após ser acusado de tentativa de feminicídio ocorrida no dia anterior, o Irmã Imelda Lima Pontes, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), funciona desde julho de 2016. Curiosamente, foi inaugurado na gestão de Hélio Leitão à frente da Secretaria de Justiça (Sejus) do Ceará. Atualmente, Leitão faz a defesa do petista no caso.
Considerada mais "leve" se comparada ao ambiente de outros presídios, cujos detentos integram facções criminosas, por exemplo, a penitenciária foi idealizada para abrigar homens implicados - suspeitos, denunciados ou condenados - na lei Lei Maria da Penha.
Também são encaminhados ao presídio pessoas da comunidade LGBTQIA+. Nesse caso, o objetivo, segundo o Governo do Ceará, é proteger este grupo de situações de violência motivadas por preconceito. A capacidade do local é de 200 detentos.
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Conforme aba da Secretaria de Administração Penitenciária destinada à descrição das unidades prisionais (veja aqui), além de réus que respondem à Lei Maria da Penha, o presídio também abriga gays, travestis, bissexuais, idosos e pessoas com deficiência.
Eles recebem "atendimento psicossocial, médico, dentre outras atividades pensadas especialmente para esses públicos."
DJ Ivis e Deusmar Queiroz
Nomes conhecidos como o produtor musical, cantor e compositor DJ Ivis e o empresário Deusmar Queiroz, fundador do grupo Pague Menos, já foram presos e levados ao Irmã Imelda.
A defesa do vereador Ronivaldo Maia (PT) pediu na última sexta-feira, 3, que ele fosse transferido para uma prisão especial, alegando que o cliente concluiu o ensino superior, é diabético e tem mandato parlamentar. Se atendido o pleito, o parlamentar irá para um quartel do Corpo de Bombeiros.
Quem foi Irmã Imelda
Irmã Imelda Lima Pontes foi freira, escritora e advogada criminalista. Ela morreu em 2013. Dedicou a vida às pessoas financeiramente vulneráveis, na prestação de serviços de assistência social e jurídica. Em 1973, ela fundou o Departamento Direito e Paz (Dipaz), para seguir com o trabalho filantrópico. A experiência resultou no livro "O marginalizado também é gente". Acredita-se que Imelda tenha sido a primeira freira a ingressar na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Em artigo publicado no O POVO em 2016, o então secretário Hélio Leitão definiu que a até ali recém-nascida experiência do presídio especializado era mais um esforço "na linha da humanização do sistema penitenciário cearense".
Algo que, segundo disse, o governo Camilo executava "sem medo de arrostar as incompreensões e explorações políticas que povoam, nem sempre em boa-fé, o debate público sobre as questões afetas à segurança pública."