MP denuncia vereador de Fortaleza por busca "quixotesca" a criminoso Lázaro
O argumento de Alberto é de que as fardas que possui foram compradas com o próprio dinheiro, razão pela qual concluiu: "Vou dizer para o juiz que uso elas quando eu quiser"
18:09 | Nov. 29, 2021
O vereador de Fortaleza Inspetor Alberto (Pros) e o chefe de gabinete, Tancredo dos Santos, foram denunciados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) à 3ª Vara Criminal de Fortaleza por uso indevido dos símbolos da Polícia Civil do Estado nas buscas ao serial killer Lazaro Barbosa, em junho deste ano.
A denúncia tem base em inquérito policial anterior, em que se apurou usurpação de função pública, pois o parlamentar usou a farda da Polícia Civil, ainda que esteja afastado da instituição desde 4 de janeiro de 2019 para aposentadoria e figure como inativo.
A denúncia é assinada pela promotora Ana Alzira Nogueira Bossard e diz que ambos, ao usar indevidamente símbolos da Polícia Civil e portar armas de poderoso calibre, com transmissão nas redes sociais, "aventuraram-se em busca policial de maneira quixotesca e clandestina, simulando estar a serviço da ilibada instituição policial cearense."
Em outra altura da peça, Bossard afirma que algumas pessoas sem vínculo com a operação policial mobilizada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás "passaram a se aproveitar da ampla cobertura dos meios de comunicação para ganhar visibilidade pessoal, precipuamente no que diz respeito às redes sociais."
Porte de arma de fogo
Em trecho que se refere ao porte de armas de fogo, a promotora diz que, segundo a Polícia Federal, o assessor parlamentar denunciado ao lado do vereador, não possui autorização para portar armamentos, mas apenas o registro de uma pistola calibre 40 S&W.
"Mesma sina segue o acusado José Alberto, o qual possui o registro de 03 (três) armas de fogo em seu nome, não possuindo, entretanto, qualquer autorização de porte de armas (fl. 80/81)", acrescenta.
Outro lado
Ao O POVO, Inspetor Alberto afirmou que a denúncia tem teor político, pois considera estar recebendo "visão muito grande do Governo" estadual. O Ministério Público é uma instituição independente dos três poderes constituídos e tem a missão de defender interesses do conjunto da sociedade.
Sobre o objeto da denúncia, o argumento de Alberto é de que as fardas que possui foram compradas com o próprio dinheiro, razão pela qual concluiu: "Vou dizer para o juiz que uso elas quando eu quiser."
O parlamentar foi então indagado sobre a ilegalidade da conduta, vez que afastado da instituição para aposentadoria, ao que respondeu que espera aposentadoria, portanto ainda é policial. Questionado sobre as armas, uma das quais sob manuseio do assessor parlamentar, ele respondeu que Tancredo tem de fato uma pistola calibre .40, mas que a arma não foi a Goiás. "As armas que têm ali são minhas que comprei com meu dinheiro", respondeu.
A promotora argumenta que a arma de Tancredo é registrada na Polícia Federal. No entanto, ele não possui autorização para portar arma de fogo, possuindo apenas o registro".
Ela continua sobre Alberto: "Mesma sina segue o acusado José Alberto, o qual possui o registro de 03 (três) armas de fogo em seu nome, não possuindo, entretanto, qualquer autorização de porte de armas (fl. 80/81)."
Sobre esse aspecto da peça, Alberto fala que sempre levou as armas tanto em viagens pelo Ceará como por outros estados do País.
"Eu tenho várias postagens com armas. Eu viajo pra Brasília com as minhas armas, entro em avião, ou tu acha que vou pra Brasília sem arma? Rodo o Brasil todinho", respondeu.
Por volta de 19h30min, o vereador ligou para a reportagem para afirmar que, se as supostas irregularidades ocorreram, deveriam ser apuradas pelo Ministério Público de Goiás.
Atualizada às 19h33min