Eduardo Leite rejeita coordenar campanha de Doria à Presidência em 2022

Doria convidou Eduardo Leite, que recusou a proposta por estar focado em concluir seu mandato como governador do Rio Grande do Sul

11:21 | Nov. 29, 2021

Por: Alice Araújo
Eduardo Leite e João Dória (foto: Reprodução/RS)

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que não se vê coordenando a campanha à Presidência de João Doria (PSDB), que saiu vencedor nas prévias da sigla tucana, neste sábado, 27. Em resposta ao convite do paulista, Leite declarou que deve manter o foco na conclusão de seu mandato estadual. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Após a vitória, o governador de São Paulo teria convidado o gaúcho para assumir uma posição de “protagonismo” na coordenação de sua campanha, mas o colega de legenda rejeitou a possibilidade.

"Permaneço no PSDB, mas não me vejo coordenando uma campanha presidencial, pois serei governador até o último dia do meu mandato e não imagino poder coordenar algo desta dimensão nacional estando focado nos problemas e soluções do meu estado", afirmou Leite ao jornal.

Para Eduardo Leite, deve haver uma “sinergia entre candidato e coordenador que seja maior do que o simples fato de estarem no mesmo partido”. Apoiadores próximos ao governador gaúcho afirmam que é difícil uma união da sigla em apoio a Doria.

“Imagino que o governador Doria busque alguém afinado com sua forma de pensar e fazer política, para além de uma visão meramente partidária", completou Leite, que reconheceu a derrota e parabenizou o governador de SP. Em contrapartida, aliados do gaúcho defendem uma checagem no processo de votação após panes no aplicativo original. Essa possibilidade de contestação do resultado, porém, não está prevista.


Divisão no partido

Embora João Doria esteja legitimado pelas prévias, nos bastidores do PSDB a reunificação da legenda enfrenta dificuldades. Para os rivais dentro da sigla, o governador de SP terá ao seu lado pouco mais da metade do tucanato. Exatamente os 54% (53,99%) que o apoiaram na votação, contra os 44,7% de Leite. O terceiro concorrente, ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, obteve 1,35%.

Existe risco de debandada no partido após essa divisão que foi reforçada pelas trocas de acusações durante as prévias. Entre os nomes que estão no centro desta cisão, despontam os principais apoiadores de Eduardo Leite, o deputado federal Aécio Neves (MG) e o ex-governador Geraldo Alckmin, que já havia anunciado sua saída do PSDB.

Caso Alckmin concretize sua desfiliação, outros membros da sigla poderiam migrar junto com o ex-governador. Já no que diz respeito a Neves, sua influência sobre a ala bolsonarista dos tucanos, faz com que o parlamentar não seja benquisto por Doria e apoiadores. No entanto, o mineiro já garantiu que não deve deixar a legenda.

Para membros do PSDB, o grande desafio agora é reunificar a sigla, e cabe a Doria decidir por seguir nessa linha de conciliação. Enquanto isso, apoiadores de Eduardo Leite acreditam que o paulista deve seguir com rejeição tanto pelo partido, quanto pela população.

Os aliados do gaúcho apontam, ainda, que uma das indicações de que Leite não deve apoiar facilmente a campanha de Doria foi a própria publicação na qual o governador do RS parabenizou o vencedor da prévias.

"Muito obrigado a todos os que nos acompanharam! Fizemos uma campanha limpa, bonita e honesta. O PSDB escolheu seu caminho e desejo sorte ao João Doria. Acima de projetos pessoais ou partidários está o Brasil! E eu, onde estiver, buscarei sempre dar a minha contribuição ao país!", escreveu.

Na postagem não há sinalização de compromisso firmado e Leite ressalta que dará sua contribuição ao país “onde estiver”, sem prometer apoiar o paulista, ou mesmo o partido.