Lula compara ditadura de Daniel Ortega com governo democrático de Angela Merkel
"Por que a Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não?", questionou o ex-presidente durante entrevista ao jornal El País
11:44 | Nov. 23, 2021
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou a ditadura de Daniel Ortega, na Nicarágua, ao governo democrático da alemã Angela Merkel, durante entrevista cedida ao jornal espanhol El País. O petista minimizou a reeleição do ditador, que já está no poder há 14 anos, pleito não reconhecido pelas principais democracias ocidentais.
Durante a entrevista, Lula disparou: “Por que a Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Por que o Felipe González aqui pode ficar 14 anos no poder? Qual é a lógica?”, questionou o ex-presidente.
Em resposta, uma das jornalistas que comandava a entrevista rebateu, lembrado que Merkel e González, ex-presidente da Espanha, governaram por um longo período, mas não colocaram seus opositores na cadeia, como o líder nicaraguense.
Veja o vídeo:
Em entrevista ao El País, Lula compara ditador Daniel Ortega, da Nicarágua, com governo democrático de Angela Merkel, na Alemanha.
Confira o vídeo: pic.twitter.com/bM0Kg6iNMe
Lula deu continuidade em sua defesa a Ortega, reforçando que não poderia “julgar o que aconteceu” no país latino, e comparou com sua prisão em 2018. "Sabe, eu não posso julgar o que aconteceu na Nicarágua. No Brasil, eu fui preso. Fiquei 580 dias preso para que o Bolsonaro fosse eleito presidente. Eu não sei o que as pessoas fizeram (na Nicarágua) para que fossem presas. Se o Daniel Ortega prendeu a oposição, como fizeram comigo no Brasil, ele estará totalmente errado", argumentou.
No último dia 10, o PT divulgou, em seu site oficial, uma nota em saudação à reeleição de Daniel Ortega, que chamou de “grande manifestação popular e democrática”. O ditador venceu com 75% dos votos válidos, após, meses antes, realizar uma série de prisões de opositores, incluindo candidatos à Presidência. União Europeia, Estados Unidos e demais países latinos não reconheceram a vitória de Ortega. Após a polêmica, a nota foi excluída do site do partido.