"Nunca houve cruzada pessoal contra Lula", diz Moro sobre condenações do petista
O ex-juiz também afirmou que o "brasileiro sabe que roubar é errado" e que é necessário se restabelecer a verdade sobre parcialidade da Lava JatoO ex-ministro Sergio Moro afirmou que nunca participou de uma cruzada pessoal contra o ex-presidente Lula. Em entrevista ao Papo Antagonista, o ex-juiz e recém filiado ao Podemos declarou que é preciso se “restabelecer a verdade dos fatos” em relação à narrativa de que ele atuou de forma parcial durante a Operação Lava Jato.
“A gente tem que restabelecer a verdade dos fatos. Nunca houve uma cruzada pessoal contra o ex-presidente. O que houve foram investigações que revelaram que a Petrobras foi saqueada. Ou vamos dizer aqui que a Petrobras não foi roubada como nunca antes na história desse país? O que tinha era um modelo de corrupção, que não era só na Petrobras. Vamos deixar claro”, disse Moro.
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Segundo Moro, as irregularidades na Petrobras "contaminaram também outras estatais" e outros órgãos do governo federal. "Isso era utilizado para enriquecimento ilícito, tanto de agentes públicos, por exemplo, diretores da Petrobras, como de agentes políticos. E era utilizado para financiamento ilegal (de campanhas eleitorais). E as provas existem torrencialmente”, afirmou o ex-juiz.
“O brasileiro sabe que roubar é errado. Então, às vezes, apenas o que devemos relembrar é a verdade dos fatos. Às vezes é tenta mentira, tanta mistificação, que as pessoas acabam muitas vezes até se perguntando: ‘Tem Justiça no país? Ou não tem. Roubar é mesmo errado?' As pessoas sabem que roubar é errado e querem Justiça”, complementou Moro.
Sérgio Moro é responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância que condenaram Lula a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro. O processo, contudo, acumulou uma série de polêmicas envolvendo a atuação do ex-juiz.
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O ex-ministro precisou lidar com uma crise de imagem, quando mensagens atribuídas a ele, no aplicativo de troca de mensagens Telegram, foram divulgadas pelo The Intercept Brasil, no caso que ficou conhecido como “Vaza Jato”; as mensagens acarretaram uma série de questionamentos sobre a imparcialidade de Moro enquanto juiz.
As transcrições, divulgadas pelo jornalista estadunidense Glenn Greenwald, do periódico virtual The Intercept, a partir de 9 de junho de 2019, indicaram que Moro cedeu informação privilegiada à acusação, auxiliando o Ministério Público Federal (MPF) a construir casos, além de orientar a promotoria, sugerindo modificação nas fases da operação Lava Jato; também mostraram cobrança de agilidade em novas operações, conselhos estratégicos, fornecimento de pistas informais e sugestões de recursos ao MPF.
Os fatos corroboraram para que, em abril deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmasse a anulação das condenações de Lula da Silva na Lava Jato, assim, torná-lo elegível para 2022. Em sessão remota, a Corte rejeitou o recurso da Procuradoria-Geral da República (PGR) que visava reverter a anulação das condenações do petista impostas pela Justiça Federal do Paraná.
Em junho, o Plenário do Supremo confirmou a decisão da 2ª Turma que declarou o ex-juiz Sergio Moro suspeito para julgar o ex-presidente no caso do tríplex do Guarujá (SP). Com o resultado, as acusações contra o ex-presidente foram anuladas.