18 delegados da PF já foram punidos ou afastados durante o governo Bolsonaro

Afastamentos, substituições e promoções negadas fazem parte de medidas adotadas pelo Governo Federal contra os policiais federais

19:46 | Nov. 13, 2021

Por: Redação O POVO
Divergências com o Governo Federal costumam acarretar em retaliações dentro da Polícia Federal (foto: Alan Santos/PR)

A delegada da Polícia Federal (PF) Silvia Amélia foi exonerada neste mês de novembro, após ter tomado frente no processo de extradição do youtuber bolsonarista Allan dos Santos. Amélia ocupava o cargo de diretora do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça (DRCI), e foi a 18ª da carreira a sofrer com as represálias do Governo Bolsonaro.

Em quase três anos de Bolsonaro como Chefe do Executivo nacional, a prática de punições e afastamentos na PF tornou-se comum, em situações em que policiais iam contra os interesses do Governo.

Ainda em agosto de 2019, Ricardo Saadi, que ocupava o cargo de superintendente da PF no Rio de Janeiro, foi substituído após divergências com policiais apoiadores do presidente. Maurício Valeixo, ex-diretor da PF, foi um dos que defendeu Saadi e também acabou sendo exonerado.

Rolando de Souza, que chegou para ser substituto de Valeixo, também foi exonerado do comando da corporação, a saída ocorreu em maio deste ano, após a troca do ministro da Justiça.

Já a delegada Denisse Ribeiro sofreu com as tentativas de retirada do Inquérito dos Atos Antidemocráticos por parte do presidente, que só voltou para as mãos da delegada após uma decisão judicial.

Em outro caso, o delegado Bernardo Guidali Amaral, do Serviço de Inquéritos Especiais, pediu a abertura de um inquérito para investigar Dias Toffoli, denunciado por receber propina de R$ 4 milhões em troca de uma decisão do TSE. Amaral foi sacado das investigações em um gesto de aproximação de Bolsonaro com o magistrado.

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Já Felipe Leal, delegado responsável pelo inquérito que apura a interferência de Bolsonaro na PF, questionou a cúpula da instituição sobre afastamentos de delegados do respectivo inquérito, e acabou afastado da investigação. Já a delegada Graziela Costa e Silva teve uma promoção negada, após coordenar um abaixo-assinado em apoio a Felipe Leal.

Em mais uma situação de afastamento, o delegado Hugo Correia foi substituído da coordenação da área que investigava Jair Renan, filho "04" do presidente. A troca ocorreu durante o avanço das investigações.

Outro a sofrer sanções do Governo Bolsonaro foi o delegado Alexandre Saraiva, após investidas contra o então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, e suspostas ligações com a extração de madeira ilegal no Amazonas.

Thiago Leão foi mais um alvo, o delegado foi o responsável pela Operação Handroanthus, que deflagrou a maior apreensão de madeira ilegal da história da PF e que também investigava o então ministro do Meio Ambiente.

Max Eduardo Alves Ribeiro não foi afastado, mas viu uma oportunidade de promoção na carreira ser negada. O motivo seria ter autorizado Alexandre Saraiva a dar entrevista a respeito de investigação sobre Ricardo Salles.

Outro que teve problemas por investigações que envolviam o ex-ministro do Meio Ambiente foi o delegado Franco Perazzoni, que foi vetado da chefia do combate ao crime organizado no Distrito Federal.

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Rubens Lopes da Silva, delegado responsável pela Operação Akuanduba, que investigava corrupção no contrabando de madeira da Amazônia para o exterior, foi desligado da chefia da Divisão de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente.

No caso do delegado Rodrigo Fernandes, que investigou o atentado contra Bolsonaro, durante a campanha de 2018, e concluiu que não houve nenhum envolvimento de alas esquerdistas, uma promoção foi negada a Fernandes após a sua conclusão sobre os acontecimentos.

Após apoiadores de Bolsonaro apontarem uma suposta ligação da delegada Carla Patrícia Cintra Barros da Cunha com o Governo de Pernambuco, do PSB, ela foi retirada da chefia da Superintendência de Pernambuco.

Um outro episódio de retaliação ocorreu com Antônio Marcos Lourenço Teixeira, que era o responsável pela segurança de Bolsonaro durante o processo eleitoral, e também acabou afastado da chefia do Comando de Operações Táticas.

Já Daniel Grangeiro fecha a lista de delegados da PF que foram alvos do Governo Bolsonaro. Ele incomodou o Governo, após investigações contra Arthur Lira e um desembargador supostamente ligado a Humberto Martins, ministro e presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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