Financiador da defesa de Adélio Bispo agiu por "amor ao próximo", diz advogado
O advogado disse que a pessoa pede anonimato por medo de sofrer represálias por parte de apoiadores de Bolsonaro.Um dos advogados de Adélio Bispo, autor da facada contra o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, em 2018, afirmou que uma pessoa, cuja identidade é mantida sob sigilo, quis financiar a defesa de Adélio por "amor ao próximo".
"É uma pessoa ligada a ele (Adélio) religiosamente. Eu não sei a identidade dela, só o doutor Zanone (Muriel, que está à frente da defesa do caso) que sabe, teve contato com ela. Mas não há mandante, um financiador, ninguém que tinha conhecimento prévio dessa ação perpetrada pelo Adélio. Somente ao saber da facada é que ele se dispôs a ajudá-lo por uma questão de amor ao próximo, vamos assim dizer", disse Pedro Possa durante entrevista ao UOL News.
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Sobre o anonimato pedido pelo financiador, o advogado disse que a pessoa tem medo de sofrer represálias por parte de apoiadores de Bolsonaro.
"Foi celebrado no contrato entre ambos, o doutor Zanone e essa pessoa, de que a identidade dela não seria revelada exatamente para poupá-la, tanto de sofrimento, ameaça, o que quer que seja".
Questionado, Pedro Possa ainda deu detalhes do contrato com a defesa. Segundo ele, o escritório de Zanone cobrou R$ 25 mil. Além de Pessoa, outros três advogados entraram no caso. Do valor inicialmente contratado, apenas R$ 5 mil teriam sido pagos.
"Confio extremamente na Polícia Federal. Se houvesse qualquer tipo de coisa ilegal por trás disso, um financiador, um mandante, com toda certeza já teria sido revelado... Conheço o doutor Zanone, um advogado que tem mais de 20 anos de profissão. Se tivesse que fazer ou participar de algo errado, já teria sido descoberto", afirmou Possa.
O caso do atentado à faca sofrido por Jair Bolsonaro voltou à tona na última semana, após o TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) derrubar uma liminar que impedia a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático do advogado Zanone Oliveira. Ele foi alvo de uma ação da Polícia Federal em dezembro de 2018, quando foram apreendidos computadores, celulares e anotações ficais.
Desde o episódio, que aconteceu em setembro de 2018, em Juiz de Fora (MG), dois inquéritos sobre o caso já foram arquivados. A nova decisão do TRF-1, na visão do advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, pode fazer com que as investigações sejam retomadas.
"Uma das provas que o presidente e seu advogado sempre tentam trazer à tona é a de que haveria um mandante, supostamente um político, por trás disso. O que a gente sabe, da defesa, é que isso nunca existiu. Na verdade, só uma pessoa disposta a ajudá-lo quis financiar a defesa e daí entramos no caso".