Casa de Allan dos Santos em Brasília pode ter sido paga por Eduardo Bolsonaro, diz revista
Mensagens do celular do blogueiro em posse da Polícia Federal indicam que a casa onde Allan ocupava em Brasília era chamada de "bunker do Eduardo"
12:17 | Out. 29, 2021
O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, foragido nos Estados Unidos após pedido de prisão decretado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, pode ter uma relação ainda mais direta com o clã Bolsonaro, incluindo o pagamento do local onde morava em Brasília. É o que revela mensagens publicadas pela revista Crusoé, nesta sexta-feira, 29.
LEIA MAIS l Blog bolsonarista Terça Livre encerra atividades após decisões da Justiça
As mensagens indicam que a casa que Allan ocupava em Brasília era chamada de ‘bunker do Eduardo’ e pode ter sido custeada pelo filho 03 do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com a publicação, as mensagens do celular do blogueiro estão em posse da Polícia Federal.
“Já estou no bunker pago pelo Eduardo. Cadê tu? Aparece aqui. Tenho algo grandioso para te mostrar. Sobre a viagem para SP”, escreveu Allan em troca de mensagens com o deputado bolsonarista Filipe Barros (PSL-PR) em outubro de 2019. O parlamentar queria discutir pessoalmente com o blogueiro as estratégias para aberturas dos programas Terça Livre e Onda Conservadora.
Na época, as especulações sobre o pagamento estiveram presentes entre ex-aliados do presidente. Em entrevista, o cantor Lobão falou do seu rompimento com o presidente e revelou que "fontes" já haviam lhe passado essa informação.
“A minha fonte lá de Brasília me mandou um WhatsApp: ‘Você sabe quem está morando aqui? O Allan dos Santos. Morando numa mansão no Lago Sul, que o Eduardo Bolsonaro está bancando”, disse o artista. Sem negar a informação, Allan apenas disse que ao revelar o novo endereço, o músico teria o colocado em perigo.
A casa que Allan dos Santos ocupou até fugir para os Estados Unidos fica localizada no Lago Sul, uma das áreas nobres de Brasília. Na mesma região, estão localizadas as mansões de Flávio Bolsonaro e Jair Renan, dois outros filhos do presidente. De volta ao mercado, o local está disponível para aluguel por 9 mil reais mensais.
As conversas apreendidas pela PF também revelam que as reuniões na casa de Allan e de um sócio do blogueiro eram quinzenais e contavam com a presença de filhos do presidente e outros integrantes do alto escalão bolsonarista. Os convites eram enviados a uma lista de 18 contatos, entre eles Flávio e Eduardo, o ex-secretário de Comunicação do presidente, Fabio Wajngarten, o assessor de Bolsonaro, Filipe Martins, e deputados Bia Kicis (PSL-DF), Caroline de Toni (PSL-SC), Filipe Barros (PSL-PR), Felipe Francischini (PSL-PR) e Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP).
Em um dos convites, Allan acrescentou um pedido a Eduardo: convidar Gustavo Montezano, presidente do BNDES, para o encontro. O parlamentar disse que não poderia comparecer por estar em São Paulo, mas que estaria confirmado para o próximo encontro, que ocorreria dentro de quinze dias. “Flávio já veio aqui. Falta você”, diz o blogueiro nas mensagens com o deputado.
Nas mensagens com Filipe Barros, também constam outros registros das visitas dos filhos de Jair. “Piscina, sauna e churrasco”, escreve o blogueiro, convidando o deputado para um dos eventos. Barros então confirma a ida e Allan completa: “Eduardo vai”.
Os encontros buscavam discutir estratégias políticas entre os bolsonaristas. Allan não se pronunciou sobre o caso, nem por meio dos seus advogados. Flávio e Eduardo também não se manifestaram.
Allan dos Santos está morando nos Estados Unidos de forma ilegal, segundo a Polícia Federal, já que o visto dele estaria vencido. Em 16 de setembro, um pedido de prisão preventiva de Allan foi feito pela PF sob o argumento de que ele “prossegue praticando crimes”, mesmo fora do Brasil. Santos disse que só se apresentará quando a Interpol agir.
Allan dos Santos é investigado em dois inquéritos do STF por disseminar notícias fraudulentas, ameaçar e incitar crimes contra autoridades. Segundo o portal UOL, ele é considerado uma espécie de líder informal das redes bolsonaristas, e é muito ligado aos filhos de Bolsonaro.