Tensão no PSDB aumenta após críticas de Eduardo Leite a João Doria
Leite e Doria são os principais nomes disputando a indicação para representar a sigla nas eleições presidenciais de 2022
11:02 | Out. 18, 2021
A disputa interna no PSDB para decidir a indicação de quem será o candidato a presidente pela sigla vem aumentando significativamente. O mais recente motivo para o acirramento das tensões foram as críticas feitas por Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, a João Doria, governador de São Paulo, neste domingo, 17. Ambos são os principais nomes do partido disputando pela indicação da legenda.
Leite esteve em visita a São Paulo para angariar apoio de supostos adeptos fiéis a Doria. Na ocasião, criticou o tucano paulista por negar a ida a um debate e por suas desconfianças quanto a um aplicativo, desenvolvido no Rio Grande do Sul, para as prévias da legenda. “Negar participação no debate e lançar suspeitas à forma de votação é coisa do bolsonarismo. Espero que não volte o BolsoDoria”, disparou Eduardo Leite. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Doria recusou inicialmente o convite para participar do debate que será promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico, marcado para acontecer na terça-feira, 19. No entanto, o governador de São Paulo voltou atrás da sua decisão inicial e deve estar presente no evento.
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Quanto ao aplicativo, o comentário de Leite tem relação com críticas que o programa recebeu de aliados de Doria. Para eles, o app é vulnerável a fraudes por ser necessário o uso de internet e pela falta de controle mais rigoroso de cadastros.
Doria não chegou a responder Eduardo Leite, no entanto, um de seus apoiadores mais próximos, o presidente do PSDB-SP, Marco Vinholi, se manifestou no Twitter a respeito da fala do governador gaúcho. “Leite vem a SP e ataca Doria mais uma vez. Diálogo na teoria, agressão na prática. É momento de termos um candidato para unir o partido e o país, não para dividir”, escreveu na rede social.
Além das críticas pela recusa inicial de participar do debate e pelas desconfianças quanto ao aplicativo, Leite também fez menção ao apoio de Doria a Bolsonaro, no segundo turno, nas eleições de 2018, o que auxiliou na vitória do atual mandatário. Contudo, a partir de 2019, o governador de SP e o presidente da República se afastaram e, no contexto atual, são adversários políticos.
Embora tenha criticado o apoio de Doria a Bolsonaro, vale ressaltar que o próprio Eduardo Leite também votou no ex-capitão no segundo turno e entre os 25 secretários de seu governo, pelo menos cinco são explicitamente bolsonaristas.
Prévias do PSDB
As prévias do PSDB devem acontecer no dia 21 de novembro e a disputa pela indicação interna da sigla está acirrada. Nas últimas semanas, Leite, que já tem apoio de Aécio Neves e Tasso Jereissati, também conseguiu mais alguns importantes aliados: ACM Neto (DEM) e Gilberto Kassab (PSD).
Além disso, o tucano gaúcho é visto como um nome jovem na disputa, com pontos positivos a seu favor. A avaliação é que Leite conta, ao mesmo tempo, com uma linha mais conservadora no âmbito da economia e com associação a pautas progressistas, por conta de sua orientação sexual.
Por outro lado, essas vantagens também são utilizadas contra ele, uma vez que a cúpula do PSDB argumenta a falta de experiência do governador do RS. Assim, Leite é visto também como um nome interessante para ser vice, muito embora o mesmo tenha deixado claro sua determinação em ser cabeça de chapa.
Já Doria conta com a articulação de prefeitos de São Paulo, o que pode o auxiliar nas prévias. Além disso, o tucano paulista governa um dos estados mais importantes do país, e por isso está constantemente sob avaliação.