Veja o que está por trás da demissão de Romildo Rolim do BNB

Mudança no comando do BNB envolve contrato da instituição com ONG e pressões do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto

16:57 | Set. 30, 2021

Por: Carlos Mazza
Romildo Rolim é o presidente do BNB (Foto: Sandro Valentim/O POVO) (foto: Sandro Valentim 9/3/2020)

O Conselho de Administração do Banco do Nordeste (BNB) aprovou nesta quinta-feira a destituição de Romildo Rolim da presidência da instituição. No lugar do dirigente, foi empossado como presidente interino o atual diretor de negócios do banco, Anderson Possa.

No centro da mudança, estão pressões vindas do presidente nacional do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto. Na última segunda-feira, 27, veio a público um vídeo, gravado pelo próprio Costa Neto e divulgado pelo PL, em que o dirigente afirma ter enviado ofício a Jair Bolsonaro e uma série de ministros pedindo a destituição da diretoria do banco.

Na terça-feira, 28, Costa Neto indicou ainda o engenheiro Ricardo Pinto Pinheiro para a vaga de Rolim. A indicação, no entanto, precisa passar por uma série de procedimentos requeridos pelo banco, inclusive com checagem de currículo e análise de pendências na Justiça, e votações dentro dos conselhos de gestão do BNB.

No video, Valdemar Costa Neto diz ter sido “surpreendido”, na última sexta-feira, com uma mensagem via WhatsApp de Jair Bolsonaro a respeito de um contrato de R$ 600 milhões entre o BNB e uma ONG. “Respondi para o presidente ‘duvido, mas vou esclarecer’. Liguei para o presidente d o banco e fui surpreendido”, afirma o líder do PL.

“Pedimos a demissão do presidente e toda a diretoria do Banco do Nordeste. Por uma simples razão: o PL não pode manter diretores em um banco que encontram uma situação dessas e não tomam providências”, afirma ainda.

Rolim ocupava a presidência do BNB desde 2017, indicado pelo MDB ainda no governo Michel Temer. Em junho de 2020, ele chegou a ser destituído após a indicação do banco ser cedida para o PL, que apontou Alexandre Cabral para a gerência da instituição.

O indicado do partido para a vaga, no entanto, ficou apenas um dia no cargo, sendo destituído após o jornal Estado de S. Paulo revelar investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) contra ele ainda em 2018, quando ele chefiava a Casa da Moeda.

A nomeação de indicados políticos para o comando de bancos públicos vai diretamente contra o discurso de Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018, mas virou prática no governo desde que o Planalto passou a buscar a construção de uma base sólida no Congresso. Neste sentido, um dos principais fiadores da gestão é o chamado “Centrão”, que inclui partidos como o PL, de Valdemar Costa Neto, e o PTB, de Roberto Jefferson.

“Não vai ter mais indicação pro BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste, com esse critério: botar lá indicação de um amigo pra que use a instituição pra causa própria”, disse, em entrevista à rádio Jovem Pan, Bolsonaro em setembro de 2018, dias antes das eleições presidenciais.