Quem é Bruna Morato, advogada que prestou depoimento contra Prevent Senior na CPI da Covid

A advogada falou à comissão como representante de 12 médicos que denunciam atividades regulares da operadora de plano de saúde

10:30 | Set. 29, 2021

Por: Rose Serafim
Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva da advogada representante dos médicos que trabalharam na Prevent Senior e elaboraram um dossiê entregue à comissão com diversas denúncias sobre o tratamento da empresa aos pacientes com covid-19, inclusive com a alteração de prontuários. À mesa, advogada representante dos médicos que trabalharam na Prevent Senior, Bruna Morato. Foto: Roque de Sá/Agência Senado (foto: Roque de Sá)

“Todos os meus clientes estão sob ameaça”, respondeu a advogada Bruna Morato sobre os médicos que ela representou na CPI da Covid, no Senado, nesta terça-feira, 28. A Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada para investigar possíveis omissões e problemas na gestão da Covid-19 no Brasil ouviu ontem a profissional que representa 12 médicos responsáveis por elaborar um dossiê com mais de dez mil páginas de denúncias contra a Prevent Sênior.

A operadora de saúde é acusada de incentivar o uso indiscriminado de remédios sem eficácia científica, como a cloroquina, no tratamento contra a Covid-19. Os médicos também acusam a empresa de promover experimentos com pacientes, sem autorização das famílias nem da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep). Além disso, atestados de morte teriam sido alterados para ocultar mortes pela doença, segundo orientação da operadora.

Durante o depoimento, Morato reiterou por diversas vezes as acusações contra a rede e disse ter ficado aterrorizada com os relatos dos médicos. Ela afirma que teve o escritório invadido e que não revelou a identidade de nenhum dos seus clientes pois eles estariam sob ameaça.

Ela contou que a rede não distribuía outros medicamentos gratuitamente, como fez com o “kit Covid”. A medida tampouco era frequente antes da pandemia. A fala vai contra o depoimento de Pedro Benedito Batista Júnior, diretor da operadora ouvido na semana passada. Batista alegou que a distribuição era prática da empresa. Ele também acusou o dossiê elaborado pelos médicos de apresentar informações manipuladas, afirmativa negada por Morato nesta terça.

A advogada revelou ainda que a Prevent Senior tinha “segurança” de que não sofreria fiscalização do Ministério da Saúde, pois tinha relação com o “gabinete paralelo” e estaria, assim, blindada para realização de experimentos.

Após a manhã de falas da advogada, a CPI da Covid aprovou um requerimento que pede à Procuradoria da República e à Polícia Federal que investigue supostas omissões do Conselho Federal de Medicina (CFM), do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) envolvendo supostas irregularidades cometidas pela operadora de saúde Prevent Senior.

Idosos não eram alertados sobre riscos do uso de medicamentos do “kit Covid”, contou a advogada. Dentre outras revelações, Morato afirmou que médicos e enfermeiros da rede eram orientados a trabalhar mesmo quando estavam infectados pela Covid-19. A advogada ainda revelou que a empresa e o governo federal atuaram juntos na divulgação do tratamento precoce.

Em discussão com o senador Marcos Rogério (DEM-RO), a advogada precisou reiterar a legitimidade do depoimento dele, questionado pelo parlamentar que tentou, por diversas vezes, fazê-la revelar os nomes dos médicos representados.

"Se o senhor desconhece a função social do advogado, o senhor não deveria estar aqui me inquirindo", disse Bruna Morato, acrescentando que Marcos Rogério "tenta desqualificar a denúncia".