Sindicato de Médicos acusa Prevent Senior de coagir profissionais a dizerem que receitaram "kit Covid"
A carta do Sindicato chama de "fraude" a coação dos médicos a receitarem os medicamentos. A empresa nega as acusações
15:33 | Set. 21, 2021
O Sindicatos de Médicos de São Paulo (Simesp) divulgou uma carta aberta em que afirma que a empresa Prevent Senior está coagindo médicos a assinarem um documento atestando que receitaram o “kit Covid”, por livre e espontânea vontade. Os medicamentos não têm eficácia comprovada contra o novo coronavírus.
De acordo com o Sindicato, as denúncias vieram de médicos que trabalham para Prevent Senior, e estes profissionais estariam “sendo obrigados a receitarem o “kit Covid”, sem qualquer autonomia e poder de decisão que o médico possui, o que contraria o Código de Ética Médica”, diz a carta.
A declaração do Simesp foi feita um dia após a CPI da Covid receber o dossiê que informa que a Prevent Senior administrou o “kit Covid” sem autorização e ciência de pacientes. De acordo com o documento, havia, inclusive, um acordo entre a Prevent Senior e o governo Bolsonaro. A operadora de saúde realizou testes utilizando cerca de 700 cobaias e teria manipulado o estudo sobre a eficácia da hidroxicloroquina associada à azitromicina no tratamento contra a Covid-19. As mortes dos pacientes teriam sido ocultadas na divulgação da pesquisa.
A carta do Sindicato chama de “fraude” a coação dos médicos a receitarem os medicamentos.
“Segundo denúncias feitas ao Simesp, os profissionais associados à Prevent Senior estão sendo coagidos a assinarem um documento atestando que, caso tenham receitado “kit Covid”, foi por sua livre e espontânea vontade. Isso configura uma “declaração individual” dos médicos como se não houvesse qualquer determinação da Prevent Senior, em uma tentativa de eximir a instituição de sua responsabilidade – uma flagrante ação de fraude.”
O Simesp reforça ser uma entidade que representa os interesses da categoria médica e que atua na defesa de seus direitos. O Sindicato orienta aos profissionais a não assinarem os documentos sem antes procurar uma assessoria jurídica. “Clocamos o nosso departamento jurídico à disposição. Se assinada, tal ‘declaração individual’ poderá ser usada contra o profissional em um eventual processo ético e criminal”, declara na carta.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, quando procurada, a Prevent Senior afirmou que “sempre respeitou a autonomia médica e jamais obrigaria seus profissionais a tomar um posicionamento clínico contrário a suas avaliações profissionais". "Mais uma vez, a Prevent Senior nega e repudia denúncias sistemáticas, mentirosas levadas anonimamente à CPI da Covid e à imprensa. Por isso, a empresa pediu nesta segunda-feira (20) que a Procuradoria Geral da República investigue as denúncias infundadas e anônimas levadas à CPI por um suposto grupo de médicos", concluiu em nota.