O que esperar do discurso de Bolsonaro na Assembleia-Geral da ONU
O presidente faz o discurso de abertura da 76.ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira, 21
00:36 | Set. 21, 2021
A aposta de especialistas é que o terceiro discurso do presidente Jair Bolsonaro na 76ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) terá um tom mais moderado em relação ao anos anteriores por causa da mudança política nos EUA (com a saída de Donald Trump) e do perfil do chanceler Carlos Alberto França, à frente do Ministério das Relações Exteriores desde o fim de março, no lugar do ex-ministro Ernesto Araújo.
No discurso de abertura nesta terça-feira, 21, Bolsonaro deve destacar os esforços do seu governo no combate à pandemia da Covid-19, a retomada do desenvolvimento econômico brasileiro e a preservação do meio ambiente.
Sobre a última temática, o presidente, todavia, afirmou em live na última quinta-feira, 16, que irá defender a tese do marco temporal para a demarcação de terras indígenas — medida em análise pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e que enfrenta críticas de ambientalistas e resistência dos povos originários.
A promessa deve frustrar a ala moderada do governo, que planejava usar o palco do encontro da ONU para tentar reduzir o desgaste nas áreas de ambiente e direitos humanos.
"O que eu devo falar lá [na ONU]? Algo nessa linha: se o marco temporal for derrubado [pelo STF], se tivermos que demarcar novas terras indígenas — hoje em dia temos aproximadamente 13% do território nacional demarcado como terra indígena já consolidada —, caso tenha-se que levar em conta um novo marco temporal, essa área vai dobrar", afirmou Bolsonaro em sua live semanal.
O presidente disse ainda à CNN no último domingo, 19, que abordará vários temas no discurso, entre os quais também destacou o turismo e o agronegócio.
Jair Bolsonaro chegou a Nova York por volta das 17 horas do domingo e, no hotel Intercontinental, se reuniu com três ministros para ajustar detalhes da mensagem. A expectativa do Itamaraty é que Bolsonaro apresenta uma agenda positiva, com o intuito de melhorar a imagem do Brasil.
Nesse sentido, diplomatas tentam emplacar um anúncio de doação de vacinas contra a covid-19 para países da América Latina que vivem situação crítica, como Paraguai e Haiti.
Na contramão do seu discurso sobre o combate à pandemia e o esforço diplomático na doação de imunizantes, está o fato do brasileiro ser o único entre os 19 líderes do G20 (composto pelas 19 principais economias mais a União Europeia) que declarou que não recebeu e nem iria receber a vacina contra a Covid para participar do encontro anual.