Quem é Marconny Faria, lobista que depõe na CPI da Covid nesta quarta-feira
Faria deveria ter sido ouvido pela CPI em 2 de setembro, mas apresentou um atestado médico, que acabou sendo anulado pelo próprio médico que o concedeu, e não compareceu
15:40 | Set. 15, 2021
Marconny Nunes Ribeiro Albernaz de Faria, o depoente desta quarta-feira, 15, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, é bacharel em Direito, tem 39 anos e mora em Brasília. Ele é suspeito de ter atuado como lobista para favorecer empresas como, por exemplo, a Precisa Medicamentos na tentativa da venda da vacina indiana Coxavin, investigada por suspeita de irregularidades, ao Ministério da Saúde.
O nome de Marconny chegou à CPI após o Ministério Público Federal (MPF), no Pará, compartilhar com os senadores o conteúdo do celular de Faria que havia sido apreendido na Operação Hospedeiro. Conversas em aplicativos de troca de mensagens apontam que ele tinha relações com pessoas próximas ao governo federal e ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Dentre as mensagens trocadas, a CPI já identificou conversas com o filho “04” do presidente, Jair Renan Bolsonaro, com Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan, e com a advogada Karina Kufa, que representa o presidente; Além destes, há conversas com o dono da Precisa, Francisco Maximiano. As mensagens apontam ainda que, no ano passado, Faria ajudou o "04" a montar sua empresa de eventos.
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O colegiado da CPI também obteve mensagens trocadas entre Marconny e o ex-secretário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) José Ricardo Santana. Na conversa, Santana diz que conheceu Marconny na casa de Karina Kufa, advogada do presidente Bolsonaro.
Senadores apontam ainda que Santana e Marconny teriam conversado sobre processo de contratação de 12 milhões de testes de Covid-19 entre o Ministério da Saúde e a Precisa. Uma das mensagens trocadas sugere que um senador poderia ajudar a “desatar o nó”; dando prosseguimento ao processo.
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apontou que essas e outras mensagens reforçam a existência de um mercado interno no Ministério da Saúde que buscava facilitar compras públicas e beneficiar empresas, assim como o poder de influência da empresa Precisa Medicamentos antes da negociação da vacina Covaxin. Faria deveria ter sido ouvido pela CPI em 2 de setembro, mas apresentou um atestado médico e não compareceu.
Ele havia recorrido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para não ser obrigado a depor, mas o pedido foi negado pela Corte. Caso não comparecesse à sessão sem justificar a ausência, ele poderia ser conduzido coercitivamente a depor na CPI. O requerimento para o depoimento do suposto lobista foi solicitado pelo senador Randolfe Rodrigues.
Com informações da Agência Senado.