Mesmo se dizendo oposição a Bolsonaro, PSDB não se une a partidos para atos pró-impeachment

Posição de ausência indica racha entre integrantes do partido sobre a posição do presidente Jair Bolsonaro. Adesão de partidos de centro-direita também ainda é uma incógnita

17:09 | Set. 15, 2021

Por: Filipe Pereira
Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB (foto: Reprodução/PSDB)

Apesar de ter endurecido o tom contra Jair Bolsonaro (sem partido) e destacado oposição unânime ao presidente da República, o PSDB não esteve presente na reunião com os partidos de oposição na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 15. No encontro, PT, Psol, PCdoB, PDT, PSB, PV, Rede, Solidariedade e Cidadania aprovaram duas datas para manifestações unificadas contra o governo federal. 

Com os próximos atos marcados para 2 de outubro (sábado) e 15 de novembro (segunda-feira), ainda não foi demonstrada uma união tucana disposta a se manifestar contra o chefe do Executivo nacional. A ausência abre questionamentos sobre um possível racha entre os integrantes do partido em torno de Bolsonaro. 

No dia 14 de setembro, o presidente do Instituto Teotônio Vilela e também deputado, Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), ignorou a decisão da comitiva nacional e afirmou não estar de acordo com a decisão do PSDB de fazer oposição ao governo, mesmo após os atos antidemocráticos em apoio a Bolsonaro, em 7 de setembro.

Já outras lideranças do partido decidiram pela oposição ao governo, em reunião da Executiva Nacional. A decisão de sair de uma posição independente para aderir à frente de oposição do centro democrático foi unânime. Com a mudança, o PSDB se juntou a partidos como o DEM, o MDB e o Cidadania.

No dia 24 de agosto, o presidente do PSDB-SP, Marco Vinholi, fez críticas ao deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) em seu perfil no Twitter e disse que o tucano lidera hoje na Câmara dos Deputados as articulações pela aprovação de “pautas bolsonaristas”. Ele disse ainda que Neves atua como “serviçal” do presidente Jair Bolsonaro no Congresso e em seu partido.

A fala acontece após Aécio defender que o partido deveria abrir mão de candidato próprio, como uma eventual escolha do governador de SP, João Doria, para reforçar um nome da chamada 3ª via. O tucano disse que a decisão de disputar o Palácio do Planalto levaria partido ao “isolamento absoluto”.

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Dória disse que Aécio é um “pária dentro do PSDB”, e que deveria se afastar do partido. “Aécio Neves tem a síndrome da derrota, e começou a sua pior derrota naquele triste telefonema que dirigiu a um empresário aqui de São Paulo pedindo propina. Entendo que pessoas que pedem propina a empresários, do meu partido, deveriam se afastar”, afirmou o governador paulista.