Girão discute com senador após chamar atos do 7 de setembro de "maior manifestação histórica"

O senador pediu legitimidade ao movimento e avaliou que atos antidemocráticos registrados no Brasil devem ter sido um "segmento" e "recorte" da mídia

14:17 | Set. 15, 2021

Por: Filipe Pereira
Eduardo Girão é senador pelo Podemos do Ceará (foto: Edilson Rodrigues)

O senador Eduardo Girão (Podemos) usou seu tempo de questionamento na CPI da Covid, nesta quarta-feira, 15, para lembrar dos atos convocados pelo presidente Jair Bolsonaro no dia do 7 de setembro, Dia da Independência. O parlamentar rebateu as críticas sobre as manifestações bolsonaristas e destacou que a mobilização foi a "maior manifestação história que nós tivemos em Brasília". 

Em pronunciamento, Girão disse "ser importante separar as coisas" e lembrou que teve a oportunidade de participar dos atos "como cidadão. "Eu não fui para palanque, como todo respeito a quem foi, mas está longe de ser atos, ao meu ver, atos que querem a ditadura. Isso é algo desleal essa colocação. Porque não foi isso que eu vi na maior manifestação história que nós tivemos em Brasília. Não teve nenhuma, nem impeachment, nada parecido", disse. 

Ao pedir "legitimidade" dos atos e lembrar que esteve presente na mobilização, onde diz ter conversado "com várias pessoas", o parlamentar foi interpelado pelo senador Humberto Costa (PT): "Para fechar o Supremo, para fechar Parlamento, pelo amor de Deus. Vossa Excelência veio dizer aqui que elas são democráticas?". 

Em defesa, Girão disse que o petista deve ter visto um "recorte de uma parte da mídia". "O senhor não estava lá. Talvez você possa ter visto um segmento da mídia, que eu respeito, mas um segmento que pode ter feito um recorte, mas a gente não pode falar diferente do que é a verdade. Sempre tem alguma exceção que levanta uma faixa que é antidemocrática, mas eu não vi. Eu vi milhões de pessoas. Pela TV eu vi também que aconteceu em outros estados e a gente tem que respeitar.", completou. 

Girão também afirmou que os atos do dia 12 de setembro foram tão legítimos quanto os do Dia da Independência, e alertou os colegas congressistas para escutar as reivindicações do povo.

O presidente Jair Bolsonaro comandou as manifestações de 7 de setembro pelo Brasil. Na ocasião, o mandatário desafiou abertamente o Supremo Tribunal Federal (STF) e, em tom de ameaças, anunciou que não cumprirá decisões do ministro Alexandre de Moraes. As mesmas pautas também foram defendidas com cartazes em todo o Brasil. 

Os cartazes, até em inglês, traziam pedidos antidemocráticos. E alguns com frases que diziam representar a vontade de todo o povo brasileiro. No discurso aos manifestantes na Avenida Paulista, o presidente Jair Bolsonaro também se referiu às pessoas que estavam ali como a maioria da população.

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As manifestações no Brasil foram inclusive acompanhadas com preocupação pela mídia no exterior, que trouxeram em seus sites reportagens sobre os atos de apoio ao presidente da República.

As críticas aos atos de Bolsonaro também foram rebatidas pelo deputado federal Capitão Wagner (Pros-CE), aliado de Girão no Ceará. O pré-candidato ao governo estadual disse que, em Fortaleza, as manifestações tiveram um teor pacífico. Segundo ele, uma falsa narrativa golpista foi criada para descredibilizar os atos.