Atos do dia 12 de setembro contra Bolsonaro têm baixa adesão pelo País; saiba os motivos
A articulação atraiu o apoio de políticos de direita, de centro e de esquerda. Porém, dividiu a oposição e afastou algumas siglas. Entre elas o PT, principal legenda de oposição a Bolsonaro no Congresso Nacional
11:14 | Set. 13, 2021
As manifestações pró-impeachment e contra o presidente Jair Bolsonaro foram realizadas neste domingo, 12, com público muito menor que o esperado em diversas cidades do país. Convocadas pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e pelo grupo Vem pra Rua, os protestos realizados em diversas capitais foram uma respostas às manifestações de 7 de setembro, a favor do presidente.
Tendo como foco principal o julgamento político do chefe do Executivo nacional, os atos reuniram representantes de diversas correntes ideológicas, além da participação de políticos presidenciáveis, como o ex-ministro Ciro Gomes, o ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta, e o governador de São Paulo, João Dódia (PSDB). A senadora Simone Tebet (MDB) e o senador Alessandro Vieira (Cidadania) também estiveram presentes.
A articulação atraiu o apoio de políticos de direita, de centro e de esquerda. Porém, acabou rachando a oposição a Bolsonaro. Como já esperado, a mobilização dividiu a opinião de representantes partidários. Sem a adesão do PT - forte nome da esquerda - e outros partidos, movimentos e centrais sindicais que orbitam em torno da sigla, a mobilização não superou a investida bolsonarista do Dia da Independência. Parte da direita também se recusou a participar das manifestações, por entender que elas poderiam fortalecer o nome do ex-presidente Lula.
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Na Avenida Paulista, em São Paulo, os manifestantes iniciaram a concentração próximo ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) às 11h, e se dispersaram por volta das 18h30. Segundo um levantamento do Centro de Operações da Polícia Militar de São Paulo (Copom), aproximadamente 6 mil pessoas estiveram presentes até o meio da tarde.
Nos atos do 7 de Setembro, o órgão havia estimado a presença de 125 mil manifestantes pró-Bolsonaro. Em termos comparativos, o público presente neste domingo representa pouco menos de 5% do total do ato governista.
Em Brasília, o ato estava marcado para ter início às 9 horas, mas quase ninguém compareceu à Esplanada dos Ministérios. Segundo a Polícia Militar, o protesto contou com cerca de 700 participantes às 15h30min. Na região, alguns ambulantes chegaram a reclamar das vendas. Já o MBL afirmou ter contabilizado 2 mil pessoas na manifestação, "com pico de 5 mil".
Belo Horizonte e Rio reuniram os maiores contingentes. Na capital carioca, os manifestantes se concentraram em Copacabana, na zona sul, ao lado de um carro de som a partir das 10h. Os presentes utilizaram camisas brancas e pretas, além de empunharem bandeiras e cartazes. No começo da tarde, porém, o ato já havia sido encerrado.
Na capital mineira, o ato ficou concentrado na Praça da Liberdade, região central, e foi encerrado por volta de 12h50min. Manifestantes carregavam bandeiras de partidos políticos e cartazes contra o governo. Em Belém, o início do protesto foi realizado na Boca Maldita, região central da cidade, e, por volta das 16 horas, os manifestantes continuavam no local.
Em Salvador, os atos aconteceram a partir das 8 horas, mas também já estavam dispersos no começo da tarde. Partidários do PDT, Novo e do Livres se uniram no protesto contra o presidente Jair Bolsonaro, no Farol da Barra. Fora do foco planejado para as manifestações pelo Brasil, apenas algumas dezenas de pessoas compareceram. O mesmo contingente foi registado em Manaus e Belo Horizonte.
Em São Luís, no Maranhão, manifestantes se reuniram na Praça do Pescador a partir das 9 horas para pedir o impeachment do presidente Bolsonaro. Com faixas e cartazes "Fora, Bolsonaro", o movimento uniu o MBL a representantes do Novo, PDT, Cidadania e Rede, além de integrantes de igrejas evangélicas, em críticas ao presidente.
Em Vitória (ES), a manifestação começou às 9h30min, na Praça do Papa. Após a concentração, os manifestantes saíram em carreata pela Terceira Ponte até chegar à Prainha, em Vila Velha. Segundo a PM, cerca de 80 veículos participaram do ato, que foi encerrado sem ocorrências.
Diferentemente do que foi decidido em alguns Estados, no Espírito Santo a manifestação manteve o lema "nem Lula, nem Bolsonaro". Por isso, partidos como o PT e o Psol não aderiram aos atos. O PSB e o PDT convocaram a militância para os protestos, mas não houve grande adesão.
Sem participação do PT, a manifestação contra Bolsonaro também tem baixa adesão em Fortaleza. Organizado pelo MBL Ceará, o ato na capital cearense reuniu representantes de diversas correntes ideológicas, mas não teve participação do Partido dos Trabalhadores, principal legenda de oposição a Bolsonaro no Congresso Nacional.
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No domingo, militantes de parte da esquerda usaram as redes sociais para criticar as manifestações convocadas por grupos de centro-direita. A direção do PT aproveitou para anunciar uma manifestação contra Bolsonaro para 2 de outubro.