Governo Bolsonaro ocultou do MPF compra de máscaras impróprias pelo dobro do preço

Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, ambas as compras foram feitas com dispensa de licitação, no começo da pandemia da Covid no Brasil.

15:03 | Ago. 29, 2021

Por: Filipe Pereira
O uso obrigatório da máscara N95 havia sido estabelecido no dia 14 de janeiro para trabalhadores de estabelecimentos e serviços, como farmácias, supermercados e escolas (foto: Divulgação)

O governo federal do presidente Jair Bolsonaro pagou R$ 3,59 por máscaras do tipo PFF2, considerado um dos melhores modelos para proteção contra vírus, e R$ 8,65 por unidade de uma máscara considerada imprópria a profissionais de saúde. Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o contrato mais barato foi escondido do Ministério Público Federal (MPF) para ocultar a informação de que havia sido pago mais do que o dobro do preço pelo equipamento de proteção não recomendado 

De acordo com o jornal, ambas as compras foram feitas com dispensa de licitação, no começo da pandemia da Covid no Brasil. A compra só foi revelada após insistência do MPF. O episódio fez com que a  Procuradoria da República começasse a investigr irregularidades na aquisição de equipamentos de proteção impróprios, do tipo KN95. 

A relação de todos os contratos de compra de máscaras feitos pelo ministério durante a pandemia foi requisitada ao então secretário-executivo do ministério, coronel do Exército Élcio Franco, e o então diretor do Departamento de Logística em Saúde, Roberto Ferreira Dias. Responsável por assinar os contratos, Dias demitido da Saúde após um atravessador de vacinas inexistentes denunciar uma cobrança de propina pelo diretor no valor de US$ 1 por dose.

Atualmente, Franco assume cargo na Casa Civil da Presidência. Ele e Roberto Dias são alvos de investigações pela CPI da Covid no Senado.  Senado. Em pelo menos três ocasiões, Dias teria ocultado o contrato com a 3M, deixando de apresentar também da tabela de contratos informada ao MPF qualquer menção à compra feita ainda no começo da pandemia.

O único contrato referente a máscaras do tipo N95 que aparece nas tabelas é o da aquisição do produto suspeito. Pela impossibilidade de uso por profissionais de saúde, os materiais estão parados em galpões nos estados e acabaram sendo destinados para uso por pessoas fora de ambientes hospitalares.