Mirando presidência, Doria diz que o Brasil não quer nem Bolsonaro nem Lula em 2022
Em entrevista nesta sexta-feira, 20, o tucano classificou o atual presidente e o ex-presidente como "horror e terror
23:20 | Ago. 20, 2021
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), aposta em "boa gestão" para enfrentar a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. Em entrevista à Rádio Jornal, nesta sexta-feira, 20, o tucano classificou o atual presidente e o ex-presidente como "horror e terror" e afirmou que, mesmo atrás nas pesquisas, ainda tem quinze meses até o pleito para reverter esse cenário.
"Temos muito tempo ainda até as eleições, são praticamente 15 meses, é preciso calma, paciência. No momento, meu foco é como gestor, é administrar a pandemia no estado de São Paulo, depois a economia no Estado. Meu foco não estabelece prioridade nas eleições de 2022. Obviamente, iniciamos a disputa das prévias no PSDB, um um procedimento democrático, importante, valoroso, com outros três bons candidatos do partido, numa demonstração de confiança na democracia", disse Doria.
Pesquisa XP/Ipespe
Pesquisa XP/Ipespe, divulgada na última terça-feira, 17, realizou simulações com e sem o nome de Doria no páreo pela Presidência da República. No cenário em que o tucano foi colocado, Lula marca 38%, Bolsonaro 28% e o ex-governador Ciro Gomes, do PDT, vem em terceiro, com 11%. João Doria apareceu na sequência, com 5%, assim como Mandetta e Datena, todos com 5%. Rodrigo Pacheco marcou 1%, e também 9% ou não sabem ou não escolheriam ninguém.
"Fui eleito prefeito da capital de São Paulo e oito meses antes eu tinha 1% das intenções de voto nas pesquisas. O prefeito era Fernando Haddad (PT), Lula não estava preso e Dilma Rousseff era presidente da República. Enfrentar o PT no governo era uma tarefa difícil, ainda mais para mim, que não vinha do exercício da política e sim da atividade privada e o resultado todos sabem, vencemos no primeiro turno, com 53% dos votos. Em 2018, disputei o Governo de São Paulo, não era o favorito, apesar de sair como prefeito da capital, e mais uma vez vencemos. Em 2020, meu sucessor na Prefeitura, Bruno Covas, não era o favorito, mas se reelegeu. Infelizmente, Deus o levou muito antes do que desejaríamos. O tempo na política é diferente, com fé, com foco, paciência e humildade vamos seguir a trajetória", afirmou o governador.
O tucano pretende disputar o Planalto e conta com o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas ainda precisa vencer as prévias do partido. Doria tem participado de reuniões com políticos de diferentes estados para fortalecer seu nome. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o senador Tasso Jereissati, do Ceará, e o ex-senador e ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio aparecem como adversários de Doria na disputa interna tucana.
Leia mais
Governo Jair Bolsonaro
O governador, como de costume, não poupou críticas ao governo Bolsonaro e disse que o País precisa de um bom gestor a partir do ano que vem. "O cenário deste governo Bolsonaro é desorganizado, desequilibrado, sem foco, sem estrutura, cada vez mais caminhando para o fundo do poço. O governo começou mal, nos primeiros seis meses ele demitiu quatro ministros, é um desgoverno completo, sem credibilidade e as pesquisas acentuam a queda que já vinha se apresentando desde janeiro. O Governo Bolsonaro vai terminar antes de ser concluído, mas ele terá de respeitar a democracia. Se não for impichado pelas ruas, será julgado pelo voto nas eleições de 2022 e será lembrado como o pior governo da história do Brasil", disse.
Leia mais pontos da entrevista:
Eleições 2022
Temos muito tempo ainda até as eleições, são praticamente 15 meses, é preciso calma, paciência. No momento, meu foco como gestor é administrar a pandemia (de covid-19) no estado de São Paulo, depois a economia no Estado. Meu foco não estabelece prioridade nas eleições de 2022. Obviamente, iniciamos a disputa das prévias no PSDB, um um procedimento democrático, importante, valoroso, com outros três bons candidatos do partido, numa demonstração de confiança na democracia.
Atrás nas pesquisas de intenção de voto
É preciso ter calma sempre e muita paciência ou você pode sofrer muito. Fui eleito prefeito da capital de São Paulo e oito meses antes eu tinha 1% das intenções de voto nas pesquisas e o primeiro colocado tinha 38%, uma diferença de 37 pontos. O prefeito era Fernando Haddad (PT), Lula não estava preso e Dilma Rousseff era presidente da República. Enfrentar o PT no governo era uma tarefa difícil, ainda mais para mim, que não vinha do exercício da política e sim da atividade privada. Mas, o resultado todos sabem, vencemos no primeiro turno, com 53% dos votos. Em 2018 não foi diferente. Disputei o Governo de São Paulo, não era o favorito, o favorito era Márcio França, apesar de sair como prefeito da capital, e mais uma vez vencemos. Em 2020, meu sucessor na Prefeitura, Bruno Covas, não era o favorito, mas se reelegeu. Infelizmente, Deus o levou muito antes do que nós desejaríamos. O tempo na política é diferente, com fé, com foco, com paciência e humildade vamos seguir a trajetória.
Como conquistar votos e conhecimento em rincões do Brasil
Sou filho de nordestino, sou filho de baiano. Metade do meu sangue é da Bahia, é do Nordeste. Então, tenho muito respeito pelo Nordeste do meu País. Sou aplicado, sou dedicado, eu estudo, eu analiso. Eu vim de fora da política quando disputei a Prefeitura de São Paulo, eu nem sequer era orgânico na política, embora filiado ao PSDB desde 2001. Mas fui conhecer a periferia da cidade de São Paulo. Embora seja um estado poderoso, uma cidade poderosa, nós também temos aqui as franjas com pobreza, com miséria, com necessidades nas áreas de saúde, de educação, de habitação social. Eu me empenhei, estudei bastante para ser um candidato que pudesse falar a verdade e ter uma proposta. Fiz o mesmo depois para o Governo do Estado de São Paulo e é o que farei agora, para a Presidência da República, com muita humildade.
Avaliação do Governo Bolsonaro
O cenário deste governo Bolsonaro é desorganizado, desequilibrado, sem foco, sem estrutura, cada vez mais caminhando para o fundo do poço. O governo que já começou mal, nos primeiros seis meses ele demitiu quatro ministros. Aliás, o número quatro persegue Bolsonaro, ele está no quarto ministro da Saúde, o quarto ministro da Educação, é um desgoverno completo em todas as áreas, na área social, na área econômica, sem credibilidade e as pesquisas divulgadas nessa semana acentuam a queda que já vinha se apresentando desde janeiro. O Governo Bolsonaro vai terminar antes de ser concluído, mas ele terá de respeitar a democracia. Se não for impichado pelas ruas, nas próximas semanas, nos próximos meses, ele será julgado pelo voto nas eleições de 2022 e será lembrado como o pior governo da história do Brasil. É triste e lamentável que milhões de brasileiros que depositaram sua confiança em Bolsonaro nas eleições de 2018, hoje, em sua maioria expressiva, estão decepcionados.
O que o Brasil precisa, na visão de João Doria
O que o Brasil vai precisar a partir de 2022 é de gestão, não de confusão, nem Lula nem nem Bolsonaro, nem horror nem terror, o Brasil precisa de um bom gestor, que respeite a democracia, as liberdades, mas compreenda a necessidade de apoiar com emprego, com educação, os mais pobres, os mais vulneráveis, que respeite o meio ambiente, transforme o meio ambiente num modelo de equilíbrio entre a relação econômica e a proteção ambiental. Um gestor que respeite as relações internacionais, coisa que o Brasil infelizmente abandonou. Hoje, o Brasil é um País indesejado na América Latina, na Europa, nos Estados unidos, não há líder mundial que apoie Bolsonaro, pelo contrário, vários líderes condenam Jair Bolsonaro. É preciso um país que volte a ter compaixão pelas pessoas, que proteja a saúde das pessoas e não abandone as pessoas e nem recomende cloroquina quando deveria aplicar vacina, um país que coloque a educação como prioridade, escolas de tempo integral como fazemos em São Paulo, não temos mais escolas analógicas em São Paulo, todas são digitais, em todas há inglês, são oito horas de aula, professores ganham o dobro do que ganhavam, escolas modernizadas para dar oportunidade aos jovens, especialmente aos de famílias mais vulneráveis, pessoas que tem nos filhos aquilo que não puderam ter, boa educação para terem uma boa profissão ou se tornarem empreendedores. Esse é o país que eu acredito, esse é o Brasil que nos traz esperança e melhores perspectivas para o futuro. Neste governo Bolsonaro não tenho mais confiança, nem nenhuma perspectiva, exceto que ele termine o mais rápido possível.
Economia
O que se vislumbra para os próximos meses de governo do governo Bolsonaro em relação a mercado é absolutamente nada, nem em relação a Paulo Guedes. O Paulo Guedes, hoje, aqui na chamada Faria Lima, não dispõe de credibilidade e nem de confiança, desse mercado. O mercado internacional também não vê o Brasil com boas perspectivas porque é um governo não confiável, um governo que desrespeita os marcos jurídicos, um governo que não estimula a entrada de capital externo e um governo que promete muito desestatização e não realiza. Do ponto de vista da economia, o Brasil terá crescimento, principalmente nesse último trimestre, outubro, novembro e dezembro, é o lado bom, não depende do governo. Esse é o lado da reação à queda na pandemia, a volta à normalidade e a reativação de setores que sofreram muito neste período de 18 meses da pandemia, setores de serviço, economia criativa, viagens e comércio, que foram muito afetados, vão se recuperar e apresentar bom resultado nos próximos meses. Teremos o melhor Natal das últimas décadas, um movimento de comércio muito acima do que foi o melhor em 2019, a reativação da economia criativa, artes, espetáculos, eventos, shows e a atividade do turismo, que é uma fonte econômica muito importante de renda e emprego em Pernambuco e terá crescimento expressivo já partir de outubro e igual nos quatro primeiros meses do ano. Mas não depende do governo Bolsonaro e de nenhuma ação econômica do governo Bolsonaro, porque ele não faz, não adota, não planeja, não executa.
Geraldo Alckmin de saída do PSDB
Geraldo Alckmin é um grande nome, fundador do PSDB, pessoa pela qual tenho grande respeito, ele tem uma vida importante na política brasileira, especialmente aqui em São Paulo. Nós apresentamos ao governador a opção de disputar o senado no seu estado, São Paulo, ele tem experiência, tem vivência, no Legislativo, no Executivo, seria um extraordinário senador, com oito anos de mandato, com todas as chances de vencer a eleição para a vaga, nós temos uma vaga ao Senado, todos os estados terão uma vaga. O atual senador José Serra disputará a Câmara Federal, essa foi a alternativa apresentada ao governador Alckmin, ele ainda não respondeu em definitivo, embora tenha dito a mim, nós continuamos tendo uma boa relação, que prefere ser candidato ao Governo de São Paulo, o que evidentemente é um direito que ele tem. Mas, aqui em São Paulo, teremos prévias também, para o governo estadual, assim como disputei prévias em 2016, em 2018, disputo agora em 2020. Foi facultado a ele disputar as prévias para o governo do estado juntamente com Rodrigo Garcia, atual vice-governador, caso ele queira disputar. Se desejar o Senado, nesse caso, não haverá prévias, ele poderá ser o candidato do PSDB ao Senado e no futuro seria um brilhante candidato à Presidência do Senado e portanto à Presidência do Congresso Nacional. Alckmin é pessoa de bem, merece respeito.
Polarização Lula e Bolsonaro
A receita (para quebrar a polarização) é boa gestão. Aquilo que modéstia parte fazemos aqui. Não é promessa, é ação. Temos dois anos e meio de governo e fizemos uma composição de secretários eficientes, trouxe oito ex-ministros do governo Michel Temer, sob liderança de Henrique Meirelles, trouxe as melhores cabeças para compor o governo, não pedi a nenhum deles alinhamento de ordem eleitoral, nem partidária, temos os melhores nomes e o governo de São Paulo cresce. E quando São Paulo cresce, cresce o Brasil, pois o Estado tem 36% da economia brasileira. Aqui, nós representamos cerca de 40% de todo consumo. Do que se produz em Pernambuco, por exemplo, quase 40% se consome em São Paulo. Então se aqui a economia evolui, gera emprego no campo, na indústria, no comércio, na tecnologia em Pernambuco. Fizemos governo transparente, sem acusação, sem escândalo, com respeito ao dinheiro público. É um governo moderno, transformador, lançamos programas sociais robustos, são R$ 535 reais a famílias vulneráveis, lançamos o 'Alimento Solidário', com 2,3 milhões de cestas básicas já distribuídas e temos mais dois milhões para distribuir, temos vale gás e para mulheres e meninas de camadas vulneráveis lançamos um programa que oferece absorvente para no período menstrual ter a dignidade mantida para ir estudar, para trabalhar ou procurar emprego. Nós homens não olhamos o que representa a dignidade feminina, mas o governo de São Paulo respeita todos, quilombolas, LGBTs, homens, mulheres, negros, brancos, indígenas, todos são respeitados. Já para as vitimas da covid-19 que perderam mão e pai, os chamados órfãos da pandemia, foram acolhidos e recebem R$ 300 reais, fora benefícios, para superar a fase sem seu pai ou mãe que perderam vida para a pandemia. São Paulo trouxe a vacina, se não trouxesse, não teria iniciado a vacinação em janeiro e a Coronavac, que tomei, representa 43% de toas as vacinas. Então, gestão, eficiência, humildade e comprometimento com os mais pobres é melhor portfólio para disputar a campanha. Não é o que vai fazer é o que já se faz.
Precatórios
Quem tem direito a precatório é direito adquirido, você não pode negar, principalmente a quem aguardou por cinco, dez, vinte anos ou mais tempo. Mas a prioridade de um bom gestor, que seja sensível e tenha compaixão, são as pessoas, as mais mais pobres, as mais humildes, as vulneráveis, que precisam ser sempre a prioridade de um governo. porém, essa dicotomia não existirá (caso ele seja eleito), um bom governo faz boa gestão, escolhe colaboradores capazes, planeja suas ações como temos feito em São Paulo e organiza o governo para não ter que tirar de um e beneficiar o outro. É preciso coerência, prudência e boa gestão, mas a prioridade são as pessoas mais vulneráveis.