Polícia abre inquérito contra Sérgio Reis por áudio incitando paralisação

Cantor e ex-deputado será investigado por três crimes, incluindo ameaça, após convocar caminhoneiros para ato contra o STF; polícia considera a possibilidade de "associação voltada para o cometimento de crimes"

A Polícia Civil do Distrito Federal abriu inquérito para apurar a conduta do ex-deputado e cantor Sérgio Reis envolvendo a convocação de um ato em protesto contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a favor de outras pautas defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

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Em nota divulgada nesta terça-feira, 17, a corporação informou que a investigação apura a existência de uma "associação [de pessoas] voltada para o cometimento de crimes no território do Distrito Federal em manifestações previstas para o mês de setembro".

O cantor será investigado por três crimes previstos no Código Penal: 147 (ameaça), 163 (destruição de coisa alheia) e 262 (expor a perigo, impedir ou dificultar o funcionamento de transporte público).

Em um áudio vazado no último final de semana, Reis convoca caminhoneiros e agricultores para manifestação em Brasília no mês de setembro. No registro, o cantor fala ainda de uma reunião com “40 plantadores de soja” que supostamente financiaram viagens à capital federal.

"A investigação teve início após a circulação de vídeos e áudios nas redes sociais e em matérias jornalísticas em que alguns indivíduos, dentre eles o cantor Sérgio Reis, manifestam-se no sentido de cometerem crimes", afirmou a Polícia Civil. A apuração policial está a cargo do Decor (Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado). Não há data prevista para o depoimento dos envolvidos.

O protesto convocado pelo cantor é favorável à destituição de ministros do STF e ao voto impresso. No áudio, o ex-deputado fala em "intimar" o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-RO), sobre as duas pautas, sob ameaças de paralisação dos caminhoneiros. Na gravação, Reis diz que será entregue um documento ao Senado. "Vocês têm 72 horas para aprovar o voto impresso e tirar todos os ministros do STF. Não é um pedido, é uma ordem" seria o conteúdo do texto, segundo ele.

Sérgio Reis é alvo de representação criminal

Também nesta terça-feira, 17, um grupo de 29 subprocuradores-gerais da República apresentou uma representação contra Reis junto à Procuradoria da República no Distrito Federal.

Eles defendem que a ameaça pode configurar crime de incitação à subversão da ordem política ou social, além de incitação ao crime. "Diante dos graves acontecimentos que têm marcado a história recente do país, em particular as frequentes ameaças de ruptura institucional e de desrespeito à independência dos poderes e de seus integrantes, solicitamos a Vossa Excelência a distribuição desta representação a um dos membros oficiantes na área criminal, com vistas à adoção das providências que forem entendidas cabíveis", afirmam os subprocuradores.

Após o episódio, que teve grande repercussão nacional, o cantor fez uma live em suas redes sociais dizendo que foi mal compreendido. "Não pedi que acabassem com nada. Eu pedi que esses impeachments fossem estudados", afirmou.

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