Lula diz que relação de Bolsonaro com as Forças Armadas mostra "começo da existência de um ditador"
O petista iniciou em Pernambuco um giro pelo Nordeste para debater o cenário político nacional com lideranças de esquerda
20:58 | Ago. 16, 2021
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira, 16, em coletiva de imprensa no Recife, que a presença frequente do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em cerimônias e instalações militares "é o começo da existência de um ditador". O petista acrescentou que jamais imaginou que, após o processo de redemocratização, o Brasil retomasse relações tão estreitas com a cúpula das Forças Armadas, o que, de acordo com o ex-presidente, seria um "retrocesso".
Leia mais
"A coisa chegou a um ponto que essa semana o Bolsonaro só participou de coisa militar. É o começo da existência de um ditador, ele começar a se esconder do povo e começar a ficar escondido atrás de uma metralhadora, atrás de um canhão, atrás de um soldado. O começo de algo ruim é quando a gente percebe que um presidente tem coragem de visitar um quartel, mas não tem coragem de visitar um hospital. Tem coragem de visitar um quartel, mas não tem coragem de visitar a família de uma pessoa que foi vítima da covid", pontuou Lula.
Lula não parou por aí nas críticas a quem pode se tornar o seu principal rival nas urnas em 2022. De acordo com o ex-presidente, Bolsonaro é "irresponsável", "faz questão de mentir", "não tem compromisso com causas sociais" e "genocida".
"Eu nunca imaginei que depois de todos os avanços que nós tivemos no processo democrático brasileiro a gente tivesse o retrocesso que estamos tendo. De ter um governante totalmente irresponsável, um governante que não tem nenhuma preocupação coma verdade, que faz questão de mentir 4, 5 vezes por dia, que não tem nenhum compromisso com a questão social, com as vítimas da covid, não tem nenhum compromisso com as pessoas infectadas. Está ficando provado a cada dia na CPI que a gente não comprou vacinas porque tinha se constituído uma verdadeira quadrilha quando o Brasil poderia ter comprado imediatamente mais de 70 milhões de doses e talvez pudesse ter evitado que metade das pessoas que morreram tivessem morrido. É lamentável, é por isso que muitas vezes eu o chamo de genocida", disparou o pernambucano.
Perguntado se está tentando alguma aproximação com as Forças Armadas para tentar arrefecer os ânimos na caserna em meio às ameaças de golpe que Bolsonaro tem feito reiteradamente, Lula declarou que não tem "conversas com militares, Ministério Público ou Polícia Federal". "As Forças Armadas existem para garantir a soberania nacional contra possíveis inimigos externos, elas têm que tomar conta das nossas fronteiras terrestres, marítimas e do nosso espaço aéreo e proteger o povo brasileiro. Não tem que se meter em política. Se quiser se meter em política tire a farda, vire um cidadão comum e pode ser candidato a qualquer coisa. (...) Eu não tenho conversa com os militares, não há motivos para eu conversar com os militares, não há motivos para eu conversar com o Ministério Público e não há motivos para eu conversar com a Polícia Federal. Eles são instituições do Estado, eles têm funções a cumprir e têm que respeitar o regulamento e a Constituição", argumentou o ex-presidente.
A vista de Lula a Pernambuco é apenas a primeira parada de um giro que o petista iniciou na último domingo, 15, pelo Nordeste. Confira abaixo o roteiro completo:
15 e 16/8 – Pernambuco
17 e 18/8 – Piauí
18 a 20/8 – Maranhão
20/8 – Ceará
24/8 – Rio Grande do Norte
25 e 26/8 – Bahia