Proposta após "caso Safadão", CPI dos fura-filas trava na Câmara de Fortaleza

Oposição conseguiu só dez das 15 assinaturas necessárias para criação de grupo; proposta recebeu apoio de dois membros da base de José Sarto

Está travada na Câmara Municipal proposta que quer criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possível auxílio de agentes públicos a pessoas que “furaram a fila” da vacinação em Fortaleza. Quase um mês após o início das articulações, a oposição reuniu apenas dez das 15 assinaturas necessárias para a instalação do grupo.

A dificuldade ocorre sobretudo pois apenas a oposição de centro-direita e direita, mais ligada ao grupo do deputado Capitão Wagner (Pros) e ao bolsonarismo, abraçou a proposta. Vereadores de oposição da esquerda, incluindo três parlamentares do PT e dois do Psol, não assinaram o pedido do vereador Julierme Sena (Pros).

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Segundo o líder da oposição, vereador Márcio Martins (Pros), o “estopim” para a ação foi o caso envolvendo Thyane Dantas, esposa do cantor Wesley Safadão, vacinada em julho mesmo sem constar no sistema de vacinação da Prefeitura. O Ministério Público do Ceará (MP-CE) e a Secretaria da Saúde de Fortaleza abriram investigações sobre o caso.

Curiosamente, no entanto, a proposta recebeu adesão de dois integrantes da base aliada do prefeito José Sarto (PDT), Enfermeira Ana Paula (PDT) e Marcelo Lemos (PSL). O vereador Jorge Pinheiro (PSDB), que se diz independente mesmo com a participação do PSDB na gestão pedetista, também assinou o pedido de CPI da oposição.

Já outros nomes eleitos pela oposição, como Ronaldo Martins (Republicanos) e Bruno Mesquita (Pros), ainda não assinaram a proposta. Nos últimos meses, os dois têm evitado entrar em conflitos com a gestão Sarto no parlamento. Na próxima quarta-feira, Julierme Sena se reunirá com Ronaldo Martins para tentar convencer ele a aderir à iniciativa.

“Nós já tínhamos feito alguns pronunciamentos cobrando mais transparência nessa questão das filas. Alguns dos vereadores tinham feito inclusive requerimentos (sobre a questão de “fura-filas”)”, diz Márcio Martins. “Mas aí o caso da Thyane aguçou, com toda certeza, demonstrou a facilidade com que se tem isso. E não existe em lugar nenhum, do Brasil ou do mundo, que se fure fila sem a contribuição dos agentes públicos”, diz.

Até agora, no entanto, a oposição ainda precisa de cinco assinaturas para a instalação do grupo. Em conversa com O POVO, Julierme Sena destaca que ainda faz articulações de olho em viabilizar a instalação do grupo. As conversas buscam sobretudo o grupo de parlamentares de oposição pela esquerda com PT e Psol.

Vice-líder do governo na Câmara, o vereador Léo Couto (PSB) já minimizou a necessidade de instalação da CPI, destacando que possíveis casos de “fura-fila” já são investigados pelo MP-CE e pela própria Prefeitura. “O que não posso admitir é que alguns vereadores estejam querendo criar um palanque político para crescer em cima disso aí”, afirma.

“Ano que vem é ano eleitoral, e o que está sendo feito é criando uma situação de campanha antecipada. E eu acho que não é o momento para isso, ainda mais para assunto que é tão importante para a população, que tantas pessoas estão perdendo a vida”, diz. “Essa possível situação de fura-fila já estão sendo apurados pelos órgãos competentes”.

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CPI dos fura-filas Wesley Safadão Thyane Dantas vacinação covid fura-fila

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