Eduardo Girão critica desfile de tanques, mas diz que STF e Barroso têm "se excedido"

Senador chegou até a dizer que críticos do movimento estavam "certos", mas destacou que "um erro não justifica outro" e passou a criticar o Judiciário

15:30 | Ago. 10, 2021

Por: Carlos Mazza
Fala ocorreu em meio a críticas de senadores da CPI da Covid ao desfile (foto: Reprodução/TV Senado)

O senador Eduardo Girão (Podemos) minimizou nesta terça-feira, 10, polêmica envolvendo desfile de blindados em Brasília, realizado hoje horas antes de a PEC do voto impresso ser votada no plenário da Câmara dos Deputados. Fala ocorreu no momento em que diversos senadores da CPI da Covid criticavam o evento, que teria tido apoio de Jair Bolsonaro.

Pedindo a palavra pouco tempo após o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), chamar o ato de “cena patética” e “ataque à democracia”, Girão chegou até dizer que os senadores críticos ao movimento estavam “certos”. Logo em seguida, no entanto, ele destacou que “um erro não justifica outro erro”, e passou a criticar integrantes do Judiciário.

“O que a gente está vendo, e falo de forma muito serena, respeitando quem pensa diferente, é uma invasão de competência de alguns poderes sobre os outros. Com todo respeito ao nosso Supremo Tribunal Federal, mas ele tem se excedido. E não é de hoje, é de muito tempo”, disse Girão.

A fala do senador ocorre no contexto em que Jair Bolsonaro trava “queda de braço” com membros do Judiciário, especialmente do STF, que têm contestado ataques do presidente ao sistema eleitoral brasileiro. Realizado na manhã desta terça-feira, desfile de blindados na Esplanada dos Ministérios foi visto como novo episódio no embate entre os Poderes.

“Todos que me antecederam aqui, tirando alguns excessos, estão com razão com relação a essa atitude de hoje, que poderia até ter sido cancelada, e eu acho que seria um gesto mais feliz se essa, entre aspas, coincidência do desfile aqui na Esplanada tivesse sido cancelada. Agora, um erro não justifica o outro”, disse.

“Não é papel nem do Executivo nem do Poder Judiciário determinar a situação (sobre a PEC do voto impresso). É aqui, nessa Casa, nós que fomos eleitos para isso”, disse, questionando reuniões que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, teve com lideranças partidárias da Câmara dos Deputados.

“O presidente do TSE, na véspera da eleição, se reunindo com lideranças partidárias na véspera da votação na comissão especial, e aí pode interferir na composição dessa composição, e aí acaba perdendo lá, coincidentemente. Isso é ruim para democracia”, diz.