Fux cancela reunião entre Poderes após ataques de Bolsonaro
Ministro fez discurso para anunciar a decisão e enfatizou ofensas, em especial ao presidente TSE, ministro Luís Roberto Barroso, e ao ministro Alexandre de Moraes, cometidas por BolsonaroEm reação à postura do presidente da Jair Bolsonaro (sem partido) de ataques a membros do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Corte, ministro Luiz Fux, cancelou a reunião entre chefes dos Poderes. O magistrado fez um longo discurso para anunciar a decisão e enfatizou as "reiteradas ofensas" de Bolsonaro, em especial aos ministros Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e Alexandre de Moraes.
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"O presidente da República tem reiterado ofensas e ataques de inverdades a integrantes desta Corte, em especial os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Mores. Sendo certo que, quando se atinge um dos integrantes, se atinge a Corte por inteiro. Além disso, sua excelência [Bolsonaro] mantém a divulgação de interpretações equivocadas de decisões do plenário bem como insiste em colocar sob suspeição a higidez do processo eleitoral brasileiro", afirmou Fux.
O encontro entre chefes dos Poderes foi anunciado em 12 de julho, quando Fux e Bolsonaro se reuniram na sede do STF após uma semana intensa de ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral e a ministros da Supremo Corte. O presidente do STF, no entanto, recuou sobre a reunião após declaração de Bolsonaro na quarta-feira, 4. O chefe de Estado ameaçou agir fora da Constituição após ser incluído no inquérito das fake news. A decisão de investigar o presidente foi do ministro Alexandre de Moraes, atendendo a um pedido do plenário do TSE.
Moraes chegou a se pronunciar sobre a reação de Bolsonaro em seu perfil nas redes sociais. "Ameaças vazias e agressões covardes não afastarão o Supremo Tribunal Federal de exercer, com respeito e serenidade, sua missão constitucional de defesa e manutenção da Democracia e do Estado de Direito", escreveu.
Ao anunciar a decisão, Fux ponderou que "o pressuposto do diálogo entre os poderes é o respeito mútuo entre as instituições e seus integrantes". Na sequência, ele deu a ordem: “Diante dessas circunstâncias, o Supremo Tribunal Federal informa que está cancelada a reunião outrora anunciada entre os chefes de poder, entre eles o presidente da República”.
Alegando fraude nas urnas eletrônicas, Bolsonaro iniciou uma série de ataques ao sistema eleitoral, visando as eleições do ano que vem. Nessa empreitada, um dos seus principais alvos é o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, que é declaradamente contra o voto impresso.