Governadores do Nordeste suspendem compra da vacina russa Sputnik-V
O contrato previa a compra de 37 milhões de doses, das quais mais de 5,5 milhões seriam destinadas ao estado do Ceará
16:11 | Ago. 05, 2021
Governadores do Consórcio Nordeste decidiram suspender a importação da vacina russa Sputnik-V, após mudanças nos padrões de testes exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A decisão foi anunciada após encontro do governador Wellignton Dias (PT-PI), presidente do Consórcio, com o Fundo Soberano Russo.
O contrato previa a compra de 37 milhões de doses da vacina que seria distribuída entre os estados da região Nordeste. Segundo Dias, a compra foi suspensa por causa de novas limitações da Anvisa, além da não inclusão da vacina no Plano Nacional de Imunização (PNI) e a falta da licença de importação.
“É lamentável, o Brasil vive uma situação com alta mortalidade, mais de mil óbitos por dia. Temos vacinas disponíveis, mas impedidas de entrar no Brasil devido a uma decisão da Anvisa que faz uma alteração no padrão de teste. Junto com a não inclusão do Ministério da Saúde no plano nacional de vacinação e a falta da licença de importação, tivemos a suspensão da entrega da vacina até que se tenha uma autorização do uso do imunizante no Brasil”, declarou.
Pelas redes sociais, o governador Camilo Santana (PT) se pronunciou sobre a decisão e sugeriu que as limitações impostas pela Anvisa seriam intencionais, em conluio com o Governo Federal. Segundo o petista, do lote de 37 milhões de vacinas, mais de R$ 5,5 milhões seriam destinadas ao estado do Ceará.
“Informo aos cearenses que o Governo do Ceará, juntamente com os outros governadores do Nordeste, decidiu suspender o contrato de compra da vacina Sputnik V, que previa mais de 5,5 milhões de doses para o nosso estado. Isso ocorre devido a novas limitações impostas pela Anvisa, do Governo Federal, que desde o começo desse processo tem colocado sucessivas barreiras para a efetivação da importação e uso da vacina”, escreveu.
O contrato para compra foi firmado entre o Instituto Gamaleya (desenvolvedora do imunizante) e o Fundo Soberano Russo em março deste ano, e previa a entrega das primeiras 2 milhões de doses ainda no mês de abril. Por conta de entraves da Anvisa e do Ministério da Saúde, até o momento nenhuma dose havia sido entregue.
A suspensão da compra acontece em meio a divergências nos padrões de testes exigidos pela Anvisa que não foram solicitadas para imunizantes de outros laboratórios. O Fundo Soberano Russo informou que as vacinas reservadas ao Brasil irão agora para o México, Argentina e Bolívia, mas garantiu o envio imediato de doses para o País em caso de liberação.