Bolsonaro diz que ministro Roberto Barroso, presidente TSE, quer favorecer eleição de Lula em 2022
Declaradamente contra o voto impresso, Barroso é alvo de ataques constantes do presidente Jair BolsonaroEm mais um ataque ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nessa terça-feira, 3, que o magistrado é contra o voto impresso por "interesse pessoal" de favorecer o ex-presidente Lula (PT) nas eleições presidenciais do próximo ano.
Bolsonaro sugeriu ainda que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou as condenações do petista no âmbito da Lava Jato e o tornou novamente elegível seriam com o mesmo intuito de beneficiar sua candidatura.
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"Eu não estou aqui para criticar Poder nenhum. Mas tiraram o cara (Lula) da cadeia, tornaram ele elegível, para não ser presidente? É improvável”, disse durante entrevista à TV Piauí. "E anularam as provas também. Vários delatores devolveram mais de R$ 3 bilhões, uma prova de crime", prosseguiu o presidente.
Bolsonaro disse que a atuação do presidente do TSE está relacionada a um movimento articulado de fora do Brasil. Segundo ele, foi nesse suposto complô que o atentado de que foi vítima na campanha de 2018 foi combinado. Novamente sem apresentar provas, ele voltou a dizer que houve fraudes nas eleições presidenciais em que ele próprio venceu.
"Você sabe os interesses de fora no Brasil, os interesses daqueles que perderam o poder para uma pessoa que não tinha nada para chegar. Tentaram me matar mas não conseguiram, depois até mesmo as eleições em si. E eu acredito que me só elegi porque tive muitos votos, caso contrário não teria sido eleito", disse.
Segundo ele, muitas coisas estão em jogo, inclusive a indicação de nomes para compor o STF. "O que está em jogo também nas eleições de 22? Quem se eleger vai indicar mais dois nomes para o Supremo Tribunal Federal. É muita coisa em jogo. E se, porventura, tivermos desconfiança de fraude? Eu vou recorrer ao Supremo Tribunal Federal, cujo relator deve ser o ministro Barroso?", questionou o presidente.
Nesta segunda-feira, 2, o plenário do TSE determinou a abertura de inquérito administrativo e notícia-crime para investigar a conduta do presidente em relação à série de ataques ao sistema eleitoral.
A decisão veio após o fim do prazo de 15 dias para que o presidente apresentasse provas ao TSE sobre supostas fraudes nas eleições de 2018, conforme insiste em acusar. Na ocasião, o presidente foi notificado pelo corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Ministro Luís Felipe Salomão, mas não apresentou nenhuma documentação.