Fabricante da Covaxin anuncia fim de acordo com Precisa Medicamentos

O laboratório disse ainda não reconhecer a autenticidade de dois documentos enviados pela Precisa ao Ministério da Saúde com uma suposta assinatura da Bharat Biotech

O laboratório indiano Bharat Biotech, fabricante da vacina contra covid-19 Covaxin, anunciou nesta sexta-feira, 23, a suspensão imediata do memorando de entendimentos que havia assinado com a farmacêutica brasileira Precisa Medicamentos para comercialização no Brasil do imunizante. No mesmo dia, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a compra de vacinas Covaxin está descartada neste momento.

Em comunicado, a companhia indiana afirmou que, apesar do fim do acordo, continuará a trabalhar com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para completar o processo de obtenção de aprovação regulatória da vacina no Brasil. A empresa disse que decisão do laboratório indiano foi "precipitada" e "prejudica o esforço nacional para vencer uma doença que já ceifou mais de 500 mil vidas no país".

Para a Precisa, o fim do acordo "é ainda mais lastimável porque é consequência direta do caos político que se tornou o debate sobre a pandemia, que deveria ter como foco a saúde pública, e não interesses políticos". "A empresa continuará exercendo sua atividade no ramo fármaco empresarial nos mais legítimos termos que sempre se pautou, com ética e valores sólidos, nesses mais de 20 anos de atuação", concluiu a nota.

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O acordo com a Precisa é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF), que identificou indícios de crime no contrato e suspeita de superfaturamento, corrupção, entre outras possíveis irregularidades. 

As negociações para compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde também tornaram-se alvo da CPI da Covid no Senado, por suspeitas de irregularidades, o que levou a pasta a suspender o contrato para compra do imunizante, após o empenho orçamentário de R$ 1,6 bilhão para pagar pelo fornecimento das doses da vacina indiana.

Em depoimento à CPI da Covid no último dia 14, a diretora-executiva da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, se negou hoje a informar qual seria a margem de lucro destinada à empresa brasileira na intermediação da aquisição de 20 milhões de doses da Covaxin.

A Precisa Medicamentos celebrou contrato com o Ministério da Saúde, em 25 de fevereiro de 2021, na condição de representante do laboratório indiano Bharat Biotech. O custo final da operação é de R$ 1,6 bilhão. Em transações desse tipo, a revendedora tem direito a um bônus.

Após rescindir o contrato, o laboratório disse ainda não reconhecer a autenticidade de dois documentos enviados pela Precisa ao Ministério da Saúde com uma suposta assinatura da Bharat Biotech. Procurada pelo jornal O Globo, a Precisa diz que "jamais praticou qualquer ilegalidade e reitera seu compromisso com a integridade nos processos de venda, aprovação e importação da vacina Covaxin".

 

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