Câmara de Juazeiro do Norte abre quarta CPI contra prefeito Glêdson Bezerra

Desde que assumiu o mandato em fevereiro, prefeito tem enfrentado forte resistência de parlamentardes de oposição da Câmara, cujo número é majoritário em relação aos governistas

A Câmara Municipal de Juazeiro do Norte decidiu abrir uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o prefeito Glêdson Bezerra (Podemos). O pedido de investigação, realizado por parlamentares de oposição, é o quarto realizado contra o gestor municipal apenas em 2021, quando iniciou seu mandato após vitória nas urnas no ano passado. Os trabalhos devem iniciar até a próxima sexta-feira, 23.

O pedido de abertura da CPI foi apresentado na última sessão legislativa, realizada no dia 15 de julho, pelo vereador Pedro Reginaldo da Silva Januário (Republicanos), conhecido como Janu. Subscrito por mais nove vereadores, a investigação pretende apurar conduta de dispensa de licitação em suposto favorecimento na contratação direta da empresa Revert Pro Ambiental, responsável por prestar serviços de coleta de lixo e limpeza urbana.

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Segundo Janu, a dispensa de licitação foi realizada "de maneira equivocada". "No dia 3 de julho, o prefeito anunciou a empresa que já iria assumir a limpeza pública de Juazeiro, sendo que sequer havia uma dispensa de licitação. Quando foi no dia 5 de julho, eu fui requisitar essas documentações e constatei que elas nem sequer existiam. Então solicitei vários documentos, esses que foram negados porque não tinha", explicou. 

O parlamentar adianta que deve arquivar o processo caso não constate nenhuma irregularidade. Em contrapartida, na possibilidade da descoberta de possíveis desvios de conduta, todo o material coletado será encaminhado para outros órgãos de investigação. "Se as irregularidades constatadas forem mantidas, tudo será encaminhado ao Ministério Público, à Política Federal e aos órgãos competentes para que seja feito o procedimento de investigação e os responsáveis sejam punidos", afirmou o vereador. 

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Apesar do recesso parlamentar, os membros do colégio de líderes da Câmara realizam, nesta quarta-feira, 21, uma reunião para definir os cargos dos membros que irão comandar a comissão. Os trabalhos investigativos devem contar com a presidência do vereador Raimundo Júnior (MDB). Já a vice-presidência deverá ser do vereador José Ivanildo (DC), e a relatoria com o vereador Janu, autor do pedido de CPI.

"É importante a gente deixar o mais claro possível. Através da investigação, a gente conhecer os fatos, ver as pessoas envolvidos e passar isso para a população. Isso é o que o povo cobra hoje, a fiscalização de todas as entidades públicas", afirmou Raimundo Júnior. 

Mas, afinal, o que é uma CPI? O que ela fez? Por quem é composta? Quanto tempo dura? Como termina? O POVO explica.

 



Oposição e pedidos de CPI

Com a maioria de oposição na Câmara, a gestão de Glêdson enfrenta um embate com o Legislativo. Na eleição municipal de 2020, sua coligação elegeu apenas dois dos 21 parlamentares, com vereadores ligados ao candidato  derrotado - José Arnon (PTB) - mantendo maioria.

Em meio à queda de braço, o prefeito de Juazeiro do Norte também enfrenta outras três CPIs e um processo de cassação. Denúncias contra Glêdson Bezerra vão desde nepotismo e contratações irregulares até "fura-filas" na vacinação contra Covid-19 no município. 

A CPI mais recente foi instalada no dia 27 de abril. O objetivo é apurar contratos temporários em diversas secretarias da Prefeitura. Segundo vereadores da oposição, a gestão teria realizado diversas contratações sem seleção pública, que teriam indícios de favorecimento para parentes do prefeito e de secretários da gestão.

Outras duas CPIs foram instaladas logo no início dos trabalhos da atual legislatura. A primeira delas apura a suposta existência de casos de nepotismo na administração municipal. Já a segunda investiga se integrantes da gestão que teriam “furado” fila da vacinação no município, inclusive o atual vice-prefeito de Juazeiro do Norte, Giovanni Sampaio (PSD).

A reportagem tentou contato com o prefeito, mas não obteve sucesso. Em entrevistas anteriores, o gestor classificou o movimento como “natural do Legislativo”, mas apontou aspecto “político” das denúncias. “A Câmara dos vereadores é uma casa política e, naturalmente, eles são movidos por emoções. Nós temos divergências claras com alguns parlamentares e, por conta disso, resolveram abrir três CPIs”, disse à época.

Eunício explica por que comprou apartamento de Ciro, e análise do caso padre Lino. Acompanhe o sexto episódio do Jogo Político:

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