Políticos cearenses prestam solidariedade a padre Lino após perseguição
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), determinou a abertura de uma investigação para apurar o caso
10:33 | Jul. 19, 2021
Políticos cearenses das esferas municipal, estadual e federal repercutiram o caso de perseguição e ódio contra o padre Lino Allegri, ocorrido em Fortaleza, neste mês. O prefeito da Capital, José Sarto (PDT), o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão (PDT) e deputados federais cearenses prestaram solidariedade ao padre após intimidação de grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Sarto considerou como “inaceitável” a hostilização sofrida por Lino e ressaltou o apoio ao governador Camilo Santana (PT), que determinou a abertura de uma investigação para apurar as ameaças. De acordo com Santana, as ações de bolsonaristas integram um inquérito cuja abertura foi solicitada ainda na semana passada.
É inaceitável a hostilização sofrida por padre Lino Allegri, a quem dedico minha solidariedade. Mais um grave episódio de intolerância e uma afronta aos ensinamentos cristãos.
Os deputados estaduais Evandro Leitão (PDT) e Renato Roseno (Psol) comentaram o caso na manhã desta segunda-feira, 19, em seus perfis no Twitter. “A intolerância em qualquer nível é inaceitável. Dentro de uma casa religiosa, onde se prega o amor e respeito ao próximo, é mais absurdo ainda”, escreveu Leitão. Já Roseno disse que bolsonaristas querem “sequestrar a palavra de Cristo em nome de um projeto de intolerância, autoritarismo e violência”.
A intolerância em qualquer nível é inaceitável. Dentro de uma casa religiosa, onde se prega o amor e respeito ao próximo, é mais absurdo ainda. Toda a nossa solidariedade ao Padre Lino e a todos e todas que sofrem com o preconceito e a intransigência.
— Evandro Leitão (@EvandroLeitao) July 19, 2021Nossa irrestrita solidariedade ao padre Lino. O fanatismo e o ódio bolsonarista serão vencidos. Essa gente quer sequestrar a palavra de Cristo em nome de um projeto de intolerância, autoritarismo e violência.
— Renato Roseno (@renatoroseno) July 19, 2021 Os deputados federais José Guimarães (PT) e Eduardo Bismarck (PDT) também falaram sobre o ocorrido, que teve repercussão nacional. Guimarães considerou que os apoiadores do presidente “não perderam apenas a noção, mas também a humanidade que dizem ter”. Para Bismarck, a intolerância e a polarização “prejudicam cada vez mais nossa sociedade”.
Nossa solidariedade ao padre Lino Allegri, hostilizado por bolsonaristas por exercer seu direito constitucional à expressão. Apoiadores do presidente não perderam apenas a noção, mas também a humanidade que dizem ter. São falsos cristãos! Não passarão! https://t.co/1y6MFfnHQL
— José Guimarães (@guimaraes13PT) July 18, 2021Quem pensa estar ajudando o país em episódios como esse da Paróquia da Paz, está muito enganado.
Essa intolerância e polarização prejudica cada vez mais nossa sociedade.
Minha total solidariedade ao padre Lino Allegri e aos fiéis da Paróquia da Paz, igreja querida de muitos!
Entenda o Caso Padre Lino Allegri
No começo do mês, no dia 4 de julho, o sacerdote foi hostilizado verbalmente por pelo menos oito católicos que invadiram a sacristia. O grupo estava motivado pela revolta contra as críticas feitas por Lino Allegri à política do presidente Jair Bolsonaro, em especial a condução desastrosa diante da pandemia da Covid-19.
Em um sermão matutino, o padre reforçou ainda a lembrança dos mais de 500 mil mortos pela pandemia, destacando que parte de tais mortes poderiam ter sido evitadas com uma condução mais assertiva das politicas de enfrentamento ao novo coronavírus. Diante das falas do padre, alguns fiéis apoiadores de Bolsonaro retornaram após o fim da missa celebrada para rechaçar o sacerdote.
Uma semana após o primeiro ataque, um homem, também apoiador de Jair Bolsonaro, adentrou na Paróquia da Paz gritando ofensas aos padres no domingo, 11 de julho. Na ocasião, um dos sacerdotes que comandava as celebrações era Ermano Allegri, irmão do padre Lino.
Neste caso, os fiéis se uniram em uma espécie de barreira e conseguiram expulsar o homem da igreja, que diante dos defensores dos padres, se retirou do local sob protesto. Todo ocorrido foi filmado e repercutido nas redes sociais entre aqueles que apoiaram o homem e os que criticam os ataques feitos por ele e demais apoiadores de Bolsonaro.
O caso ganhou grande adesão do grupo de bolsonaristas residente em Fortaleza, que passou a frequentar a Paróquia da Paz, no bairro Aldeota, onde o padre atua, como forma de fiscalizar a atuação de Lino. O grupo seguiu ainda com xingamentos, produzindo inclusive ameaças de agressão ao padre devido às criticas feitas ao presidente.
Diante do ocorrido, a paróquia, em reunião com Lino, optou por afastar o padre da realização das missas, como forma de assegurar sua integridade física, mental, além de tentar evitar possíveis tumultos exacerbados pelo grupo bolsonarista dentro da igreja.
Na manhã deste domingo, 18, um grupo de apoiadores de Jair Bolsonaro, vestidos em sua maioria com roupas da bandeira do Brasil e blusas estampadas com frases de apoio ao presidente, ocuparam a igreja como forma de protestar contra as atitudes do padre e o obrigar a deixar de lado às criticas a Bolsonaro.
Em resposta à ocupação da igreja por bolsonaristas que se opõem ao padre Lino, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), revelou, por meio das redes sociais, que todas as ameaças feitas ao sacerdote estão sendo documentadas e integram um inquérito de investigação sob tutela da SSPDS.
Padre Lino Allegri aguarda ingresso no Programa Estadual de Proteção aos Defensores e Defensoras de Direitos Humanos (PPDDH) e segue sem data determinada para seu retorno às atividades paroquiais abertas ao público.
Lino é defensor da Teologia da Libertação, movimento considerado apartidário que engloba várias correntes de pensamento interpretando os ensinamentos de Jesus Cristo como libertadores de injustas condições sociais, políticas e econômicas.
Presidente da Assembleia, deputado Evandro Leitão, responde se é pré-candidato à sucessão de Camilo Santana. Acompanhe no quinto episódio do Jogo Político: