Presidente lidera motociata em SP; Doria fala em multa
08:04 | Jun. 12, 2021
O presidente Jair Bolsonaro confirmou participação nesta sábado, 12, na capital paulista, de uma motociata em apoio ao seu governo. A manifestação foi organizada por integrantes de clubes de tiro e de motociclismo do interior de São Paulo e de Estados vizinhos. O ato foi divulgado também por parlamentares da base aliada ao presidente e grupos que, em São Paulo, vinham organizando protestos contra o governador João Doria (PSDB).
O ato deve ter início por volta das 10h, saindo do Sambódromo do Anhembi, na zona norte, e seguindo pela Marginal do Tietê até a Rodovia dos Bandeirantes. O trajeto prevê um percurso até o trevo do km 47, em Jundiaí, para então retornar à capital. Na cidade, o grupo seguirá até o obelisco do Ibirapuera. Antes do evento, Bolsonaro deve participar de uma cerimônia no Colégio Militar de São Paulo.
Durante o percurso, o painel eletrônico das rodovias, segundo apurou o Estadão, trará a seguinte mensagem: Use Máscara. Doria afirmou durante entrevista na quarta-feira, no Palácio dos Bandeirantes, que caso Bolsonaro não use a proteção durante a motociata, será multado por desrespeito às normas sanitárias. "Ele será multado como qualquer outro cidadão que não usar máscara", afirmou. Nesta sexta, 11, pela manhã, o presidente respondeu questionando se Doria era o "doninho" de São Paulo.
Desde quarta-feira, 9, a capital paulista começou a receber integrantes de moto clubes paulistas, fluminenses, mineiros, sul-mato-grossenses e paranaenses. Muitos estão hospedados em hotéis próximos ao sambódromo, local da concentração. Em um desses hotéis, funcionários confirmaram ao Estadão o aumento da ocupação.
No último dia 28, Bolsonaro participou de ato similar, com grande público, no Rio de Janeiro, onde foi recebido pelo governador Cláudio Castro (PSC) e dividiu palanque com o general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello - o episódio causou desgaste ao Exército, que decidiu não punir o general da ativa pela participação de ato político.
Em São Paulo, os motociclistas e atiradores começaram a convocar os atos nas redes sociais, mas com menor intensidade do que o evento no Rio. Levantamento feito com o programa Brandwatch, de análise de redes, mostra que, dois dias antes do ato do Rio, havia mais de 344 mil postagens sobre o evento; desta vez, até a quinta-feira passada, foram 31 mil publicações.
Um comerciante da zona sul da capital que, no começo do ano, entrou no radar da inteligência da Polícia Militar por causa de ameaças ao governador João Doria, também começou a convocar a população para a manifestação. Jackson Vilar (cujo nome de batismo é Jarkson), que também é pastor, passou a divulgar o evento como "Acelera para Cristo com Bolsonaro". Ele passou a cadastrar participantes pela internet e divulgou um código Pix para receber doações. O gesto provocou críticas de motociclistas.
O Estadão tentou contato com Vilar, que não respondeu. Ao confirmar que irá participar do ato, o comerciante terá de ficar na garupa: sua carteira de habilitação é categoria "B", que permite a condução apenas de automóveis. Vilar já foi indiciado por estelionato, em 2017, pelo 27º Distrito Policial (Ibirapuera).
A Polícia Militar paulista, que manteve conversas com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ao longo da semana, vai reforçar a vigília de pontes e viadutos por onde a motociata deve passar, para evitar que objetos sejam arremessados nos manifestantes. No fim do ato, no Ibirapuera, dois drones devem ser usados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para acompanhar o ato. Ao menos um carro de som deve ir ao local. Segundo informações da Secretaria Estadual da Segurança Pública, cerca de 6,7 mil policiais devem trabalhar no acompanhamento da manifestação.
Além do aparato formal, ostensivo, montado com pessoal do Comando Militar do Sudeste, das polícias Federal, Militar e Civil, o Bolsonaro terá ainda um reforçado esquema de segurança próxima. O GSI contará com cerca de 40 agentes usando motos, infiltrados entre os motociclistas manifestantes. Isso, sem contar com os batedores e os agentes do grupo regular da presidência.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.