Depois de Tasso, agora é a vez de Ciro querer ser o "Biden brasileiro"

O novo material de pré-campanha divulgado nas redes sociais do ex-ministro e presidenciável Ciro Gomes (PDT) tenta traçar um paralelo entre ele e o presidente dos Estados Unidos Joe Biden. É mais uma peça assinado pelo publicitário João Santana, que já trabalhou para o PT e agora comanda o marketing político do ex-governador do Ceará.

O profissional baiano tem a missão de traduzir o "economês" de Ciro e mostrá-lo ao público como alguém de posições firmes, mas longe de ser temperamental. Marca negativa do pedetista, que coleciona polêmicas ao longo de sua trajetória. É aí que a figura de Joe Biden entra como referência. 

A comparação inicial coloca lado a lado propostas dos dois políticos, destacando que há muita coisa em comum entre esses projetos, principalmente no campo econômico.

"Há muitas semelhanças entre o Plano Biden e o Projeto Nacional de Desenvolvimento que Ciro defende há anos. Biden quer aumentar impostos sobre os lucros das grandes empresas, os ganhos de capital e os dividendo dos mais ricos. Ciro quer diminuir a carga para os pobres e a classe média. Aumentar impostos sobre grandes heranças e grandes fortunas. E cobrar sobre lucros e dividendos", destaca o material.

Ao mesmo tempo, é feita uma ressalva, para tentar afastar a ideia de submissão a um pensamento norte-americano, algo bem caro à esquerda brasileira: "Sabe qual é a diferença? O projeto do Ciro é mais amplo e 100% brasileiro".

Ao fim do vídeo, um aviso: "Aguarde. Você vai conhecer mais semelhanças". O que deixa claro a estratégia de associar os dois nomes de forma constante. Até a nova foto de perfil utilizada por Ciro nas redes sociais lembra a figura de Biden: olhar sereno e confiante, sem receio de camuflar os cabelos brancos.

Entretanto, essa não é a primeira vez que um postulante ao Palácio do Planalto tenta colar sua imagem à do presidente democrata. O também cearense Tasso Jereissati, atualmente senador pelo PSDB e ex-padrinho político de Ciro, admitiu, há algumas semanas, que gostaria de ser o "Biden brasileiro". "Vejo nele um cara que está mudando a história do mundo", afirmou.

Assim como o pedetista, o tucano tenta se viabilizar como terceira via, diante da polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Lula (PT). Já afirmou, inclusive, que está disposto a enfrentar prévia dentro do PSDB, tendo como principal concorrente o governador de São Paulo João Dória.

No partido, há um grupo liderado pelo presidente da sigla, Bruno Araújo, que vê Tasso como o único político capaz de agregar forças do campo do centro e fazer frente a Bolsonaro e Lula. Papel que teve Biden nas eleições dos EUA em 2020, conseguindo derrotar o radical Donald Trump.