RC diz que Girão nunca "mexeu uma palha" contra Covid e chama senador de bajulador de Bolsonaro
Senador respondeu críticas reforçando denúncias contra o ex-prefeito e reafirmando independência com o Planalto
19:00 | Abr. 29, 2021
O ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) rebateu nesta quinta-feira, 29, requerimento apresentado pelo senador Eduardo Girão (Podemos) que tenta convocar o pedetista para depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. O embate envolve dois dos nomes mais cotados para a disputa pelo Governo do Ceará em 2022.
“Me impressiona esse intempestivo ‘proativismo’ do senador Girão em relação à pandemia”, disse RC nas redes. “Durante os mais de oito meses em que estive à frente da condução das ações da Prefeitura de Fortaleza no combate à pandemia, não recebi nem mesmo uma ligação telefônica de solidariedade ou oferta de apoio do senador à nossa gente”, continua.
“Não houve qualquer mobilização política por parte do senador Girão em apoio às medidas locais de isolamento social, à aquisição de insumos médicos ou ao trabalho de assistência aos nossos doentes, nem mesmo para viabilizar vacinas ao Ceará! Concretamente não ‘mexeu uma palha’, como dizemos”, diz ainda, destacando que postura foi “bem diferente” da dos outros senadores cearenses, Cid Gomes (PDT) e Tasso Jereissati (PSDB).
“Agora, aparece como bajulador do Governo Bolsonaro, tentando obstruir de todo jeito a investigação sobre as ações e omissões do governo federal, protegendo os absurdos erros cometidos, o que tem custado a vida de mais de 400 mil brasileiros”, continua a nota.
Na última terça-feira, Girão, que nega integrar base de Jair Bolsonaro e diz manter postura independente ao governo, apresentou requerimento pedindo a convocação de Roberto Cláudio e da ex-secretária de saúde de sua gestão, Joana Maciel, para explicações na CPI. No pedido, o senador cita investigação em curso que apura supostas irregularidades na montagem e manutenção do Hospital de Campanha do estádio Presidente Vargas.
“Quanto às nossas ações à frente da Prefeitura de Fortaleza, tenho grande orgulho do esforço coletivo conduzido pelas equipes locais de saúde”, diz o ex-prefeito. “Estou e estarei sempre à disposição para prestar contas e relatar tudo que foi feito e como foi realizado, quem ajudou no duro e sofrido trabalho conduzido ao longo do último ano mas, também, para dizer quem se omitiu e quem comprometeu a difícil tarefa de proteger e salvar vidas!”, diz.
O embate entre Roberto Cláudio e Eduardo Girão antecipa em mais de um ano embate da sucessão de Camilo Santana (PT) no Ceará. A preço de hoje, Roberto Cláudio é o mais cotado para representar o projeto do PDT dos irmãos Cid e Ciro Gomes na disputa. Já entre o grupo da oposição, liderado hoje por Eduardo Girão e pelo deputado Capitão Wagner (Pros), deve lançar o senador – que tem mandato garantido até 2026 – como candidato ao governo.
Na noite desta quinta-feira, Eduardo Girão respondeu críticas de Roberto Cláudio. Em nota enviada ao O POVO, o senador reafirmou acusações contra o ex-prefeito – "receba esse meu pedido como uma grande oportunidade de prestar contas" – e reafirmar independência com o governo Bolsonaro – "quem acompanha nosso trabalho sabe da minha total independência junto ao governo federal".
"Se ele demonstra tamanho desconforto por não ter recebido uma ligação, imagine o que a população sente por não ter recebido, até hoje, os respiradores", diz o senador.
Além dos pedidos de depoimento de gestores cearenses, Girão apresentou ainda dezenas de outros requerimentos diversos à CPI, incluindo a convocação do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e de diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na sessão da comissão desta quinta-feira, foi aprovado pedido de informações sobre “passeios” do presidente Jair Bolsonaro pelo comércio de Brasília.
Apesar de mirar convocação de vários gestores de seu Estado de origem, Girão diz que ação busca evitar justamente o "uso eleitoreiro" da CPI. Segundo o senador, existe hoje um clamor popular por uma investigação ampla, que envolva não só o governo federal, mas estados e municípios. O senador pediu também a convocação do secretário de Saúde do Ceará, Cabeto Martins, para depoimento ao grupo.