Anvisa alega "dados incompletos" e rejeita importação da Sputnik V

Diretores afirmaram que vacina russa não ofereceu garantias da segurança do imunizante; Ceará já tinha aprovado compra de 5,87 milhões de doses

Atualizada às 23h03min

A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) rejeitou nesta segunda-feira, 26, pedidos de importação e uso emergencial da vacina Sputnik V no Brasil. Na reunião, todos os cinco diretores presentes acompanharam corpo técnico da agência e voto do relator do caso, diretor Alex Machado Campos, pela rejeição da aprovação dos imunizantes.

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Machado Campos alegou sobretudo a ausência de dados confiáveis sobre efeitos e possíveis riscos da aplicação da vacina, que não estariam sendo disponibilizados pelo governo russo. Mais cedo, todos os integrantes do corpo técnico da Anvisa se manifestaram recomendando a rejeição dos pedidos de importação.

“Todos os dias somos acusados de sermos insensíveis, e eu coloco isso na cota na emergência que nós vivemos. Não qualifico nem atiro pedras nesse julgamentos. Queremos vacinas e medicamentos, somos uma agência conhecida por isso, mas a segurança é o aspecto inalienável diante da existência do risco”, disse Alex. O voto foi seguido por uma discussão entre outros diretores, com quatro deles se manifestando contra o uso da vacina.

“Não foram apresentados dados de estudos clínicos e não-clínicos de controle do processo de segurança quanto à presença de adenovírus replicantes”, afirmou a diretora Cristiane Jourdan. "A presença de adenovírus replicante pode levar a uma série de consequências, desde infecções variáveis de adenovírus, até uma exacerbação da resposta imunológica, inclusive com manifestações de doenças autoimunes”, disse.

Ceará já tinha aprovado compra da vacina

A decisão é má notícia para governadores do Nordeste. Nas últimas semanas, chefes de Executivo da região ampliaram pressão sobre a agência pela aprovação do imunizante, atualmente já aplicada em mais de 60 países. Em março, o Ceará já havia aprovado aquisição de 5,87 milhões de doses do imunizante.

Nas redes sociais, perfil oficial da vacina rebateu falas de diretores e técnicos da Anvisa. "A Sputnik V compartilhou com a Anvisa todas as informações e documentações necessárias, muito mais do que o utilizado para homologar a Sputnik V em 61 países. Esperamos que a ciência, e não a pressão de outro país, seja usada para a tomada de decisão", disse.

O deputado José Guimarães (PT) também protestou contra a decisão da Anvisa. “Anvisa reprova importação de uma vacina autorizada em mais de 60 países, com população de mais de 3 bilhões de pessoas. O Brasil nunca passou por isso. Até quando vamos suportar esse governo e seus agentes maquinarem contra vidas humanas”

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