Além do Leonardo da Vinci, Camilo já desapropriou hospital particular em Crateús

Trata-se do Hospital Geral de Crateús, unidade hospitalar filantrópica que era administrada pela Associação São Camilo desde 2011 e foi adquirida pelo governo no fim do ano passado

13:44 | Abr. 14, 2021

Por: Ítalo Coriolano
Solenidade que marcou assinatura do decreto para tornar o Hospital Geral de Crateús parte da rede pública do Ceará (foto: Reprodução/Twitter Camilo Santana)

Dentro da plano de aumentar a quantidade de leitos no Estado para o tratamento de pessoas contaminadas pela Covid-19, o governador Camilo Santana (PT) lançou mão de uma estratégia que vem gerando polêmica: a desapropriação de hospitais particulares. Além do Leonardo da Vinci - unidade que vem sendo alvo de reclamações por parte do ex-dono -, também foi adquirido junto à iniciativa privada o Hospital Geral de Crateús, unidade hospitalar filantrópica que era administrada pela Associação São Camilo desde 2011.

A unidade de saúde, que passou a compor a rede pública em dezembro de 2020, tem 155 leitos, incluindo 10 leitos de Unidade de Terapia Intensivas (UTI) instalados pelo Estado para tratamento de Covid-19. O anúncio foi feito em dezembro do ano passado e não gerou questionamentos por parte de seus proprietários.

"Essas UTIs permanecerão no local para atender a população após a pandemia. Também serão realizados gratuitamente diversos tipos de consultas e exames. A aquisição do hospital de Crateús faz parte do nosso processo de regionalização da Saúde", escreveu o governador.

Se no Interior o processo se deu de maneira tranquila, em Fortaleza há reclamações. O médico e empresário Boghos Boyadjian, sócio da empresa que até novembro era proprietária do Hospital Leonardo da Vinci, hoje integrado à rede pública de saúde do Estado, questiona o processo de desapropriação da unidade pelo Governo do Ceará.

O hospital, fundado em 2018 por iniciativa de uma empresa privada, foi alugado pela gestão Camilo Santana (PT) em março do ano passado, logo no início da pandemia de Covid-19 no Estado. Transformado em unidade de referência para tratamento do novo coronavírus, o hospital foi adquirido de forma definitiva em 26 de novembro, dias antes das eleições.

“O que nos surpreendeu foi a desapropriação do Hospital a nossa revelia, durante a vigência da locação. Até porque seria muito mais econômico para o Estado prorrogar o aluguel”, disse Boghos em uma publicação nas redes sociais. Na nota, ele destaca caráter “unilateral” de desapropriações e relaciona a prática à “Alemanha do período nazista”.

Pelas redes sociais, na última segunda-feira, o governador Camilo Santana deu resposta para o caso. “Desapropriar equipamentos pelo Governo, quando há a justa necessidade de beneficiar a coletividade, é prática amparada na Constituição, ocorrendo todos os dias em todo o país. Quem critica essa medida tomada pelo Governo do Ceará ou não conhece as dores da população, ou age de má fé para confundir as pessoas”, diz.