Quem é alvo de mais investigações? Os filhos de Lula ou os filhos de Bolsonaro? Saiba aqui!
Ambos com cinco filhos, os políticos possuem na família casos sendo investigados
20:53 | Mar. 23, 2021
Opostos no campo político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e atual chefe do Palácio do Planalto Jair Bolsonaro (sem partido) têm ao menos uma coisa em comum: possuem filhos sendo alvo de investigações e inquéritos. Contudo, atualmente, qual dos dois grupos responde a mais processos?
Ambos com cinco filhos, dentre eles uma mulher e quatro homens, os políticos possuem a mesma quantidade de descendentes em processo de investigação. Contudo, ao se quantificar o número de processos, os bolsonaristas lideram: 8 a 4.
Segundo apuração do O POVO, dos cinco filhos de Lula, quatro estão envolvidos em investigações. No entanto, até agora, apenas um deles, Luís Claudio, virou réu em ação penal, no âmbito da Operação Zelotes. Já os filhos de Bolsonaro totalizam um total de sete investigações.
Luís Cláudio
Luís Cláudio, o caçula, é réu no âmbito da Operação Zelotes, que investiga um esquema de compra de medidas provisórias para favorecer montadoras de veículos. O educador físico e dono da LFT Marketing Esportivo organizou uma liga de futebol americano por meio de sua empresa Touchdown, na época em que Lula era presidente.
Em acordos de colaboração premiada, executivos da Odebrecht, da Gol Linhas Aéreas e o ex-ministro Antonio Palocci relataram que pagamentos de patrocínio à liga e a contratação de consultorias de marketing foram realizados, na verdade, para disfarçar propina endereçada ao filho do ex-presidente. Lula e o filho negam a acusação e dizem que o investimento na liga de futebol americano foi lícito e legítimo.
Lula é réu no processo, junto com um dos filhos, pelos supostos crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O ex-presidente nega as acusações. Em maio, segundo despacho do juiz federal substituto da 10ª Vara Federal de Brasília, Frederico Botelho de Barros Viana, tanto Lula quanto Luís Claudio devem realizar depoimento sobre o caso.
Fábio Luiz
O empresário Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha, vive um embate judicial. Ele foi alvo da 69.ª fase da Lava Jato, a "Mapa da Mina", em 10 de dezembro de 2019. A investigação mirou acordos de R$ 132 milhões entre uma operadora de telefonia e o grupo Gamecorp/Gol, que reúne firmas de mídia, jogos eletrônicos e tecnologia, entre 2004 e 2016.
Após ser retirada da 13.ª Vara Federal de Curitiba por decisão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em março de 2020, a investigação está paralisada por uma indefinição sobre quem deve ser o juiz responsável pelo caso que investiga contratos celebrados pelo grupo Oi/Telemar com empresas ligadas ao filho mais velho do ex-presidente Lula.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), há indícios de que parte do dinheiro foi usado na compra do sítio de Atibaia (SP), que já rendeu uma condenação a Lula em outro processo. Segundo os investigadores, em troca do investimento, a Oi/Telemar teria sido beneficiada pelo governo Lula.
As suspeitas levantadas pela Lava Jato apontam que os repasses para empresas ligadas a Lulinha seriam contrapartidas a atos do ex-presidente que beneficiaram o setor de telefonia. No pedido que motivou a operação, no ano passado, o MPF cita decreto presidencial de 2008 que permitiu a aquisição da Brasil Telecom pela Oi/Telemar.
O ex-presidente sempre negou qualquer irregularidade. Ao falar sobre a operação em 2020, a defesa do petista a classificou como "descabida" e disse que refletia a "atuação parcial" da Lava Jato. O caso aconteceu antes de o ministro, Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anular as condenações de Lula na Lava-Jato.
Sandro Luiz e Marcos Cláudio
Em 2017, o filho adotivo do ex-presidente, Marcos Cláudio, teve sua casa em Paulínia, na região de Campinas, no interior de São Paulo, alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Civil após denúncia anônima sobre uso de drogas no local. Os agentes, no entanto, não encontraram nada de ilícito.
Contudo, a Polícia Federal apura se empresas fantasmas supostamente pertencentes aos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram usadas para lavar dinheiro de propina. As investigações apontam que os irmãos organizaram pagamentos ilegais em um grupo de troca de mensagens chamado "Lulets".
Ao lado de Sandro Luís Lula da Silva, Marcos coordena a empresa Flexbr Tecnologia LTDA é registrada no nome de Sandro Luís Lula da Silva. De acordo com as investigações, 87% da arrecadação da Flexbr foi transferida para as contas de Sandro e do filho adotivo de Lula. Na avaliação da Operação Lava Jato, as empresas eram utilizadas apenas para lavar recursos oriundos de propina.
01, 02, 03 e 04
O presidente Jair Bolsonaro empata no mesmo quesito que Lula. Ele possui quatro filhos investigados, seja pelo Ministério Público, seja pela Polícia Federal:
Jair Renan
O filho mais novo do presidente, Jair Renan Bolsonaro, é investigado por utilização de sua empresa de eventos, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, para promover articulações entre a Gramazini Granitos e Mármores Thomazini e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
O grupo empresarial que atua nos setores de mineração e construção e tem interesses junto ao governo federal presenteou Jair Renan e um de seus parceiros comerciais com um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil.
Um mês após a doação, em outubro do ano passado, representantes da Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, uma das empresas do conglomerado, se reuniu com Marinho. Segundo o ministério, o encontro, que também teve a participação de Jair Renan, foi marcado a pedido de um assessor especial da Presidência.
Apurações feitas pelo jornal O Globo apontam ainda que o grupo tem isenção de 75% no pagamento do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) desde setembro de 2019, com validade até 2028. Isso significa que de 100% do imposto devido, apenas 25% é pago.
Flávio Bolsonaro
O filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro é investigado sobre o esquema das “rachadinhas” no antigo gabinete do parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Ele, seu assessor Fabrício Queiroz e mais 15 pessoas foram denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) pelos crimes de organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e apropriação indébita no escândalo da rachadinha no antigo gabinete de Flávio na Alerj. A denúncia foi apresentada em outubro de 2020.
Os advogados Luciana Pires, Rodrigo Rocca e Juliana Bierrenbach, que atuam em defesa de Flávio, solicitaram ao STJ que tornasse nulos todos os atos processuais feitos pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio, uma vez que Flávio conquistou, em junho de 2020, direito ao chamado “foro privilegiado” e teve o caso transferido para a segunda instância.
Em abril e junho de 2019, os sigilos fiscal e bancário de Flávio e de mais de cem pessoas e empresas suspeitas de ligação com os desvios foram afastados por Itabaiana. As decisões foram anuladas pela Quinta Turma do STJ no mês passado, a pedido da defesa de Flávio, por falta de fundamentação.
Para os investigadores, Flávio Bolsonaro é chefe de uma organização criminosa que atuou em seu gabinete na Assembleia Legislativa entre 2007 e 2018, e parte dos recursos movimentados no esquema foi lavada em uma franquia de chocolate da qual ele é sócio. Promotores investigam ainda se a "rachadinha" teria sido usada para financiar uma milícia que era comandada pelo ex-policial Adriano Nóbrega, morto em fevereiro.
Flávio é investigado sob suspeita de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Não há informações detalhadas sobre os próximos passos nem previsão de conclusão porque os processos correm sob sigilo. O parlamentar nega ter cometido qualquer ilegalidade no caso.
Carlos Bolsonaro
O mesmo esquema de ‘rachadinhas’ levou a investigações no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), em 2020. Em documentos revelados em setembro do ano passado, nas investigações envolvendo Flávio, foram observadas movimentações atípicas de um dos assessores do vereador. Márcio Gerbatim sacou, mensalmente, todo o salário que ganhava na Câmara dos Vereadores do Rio entre abril de 2008 e abril de 2010.
Nesse caso, também foi investigada a atuação da mãe de Jair Renan e segunda esposa do presidente, Ana Cristina Siqueira Valle. Ela atuou como chefe de gabinete de Carlos entre 2001 e 2008, e também é investigada no caso.
Carlos também é investigado, em paralelo, por uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito chamada "CPMI das Fake News". Depoimentos à comissão apontaram a participação dele e do seu irmão Eduardo, o 03, em campanhas na internet para atacar adversários políticos, com uso frequente de notícias falsas.
O vereador também é alvo de investigação da Polícia Federal que apura a realização de atos antidemocráticos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. As investigação atendem ao pedido de inquérito do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, realizado em 21 de abril de 2020. Em depoimento, Carlos Bolsonaro nega incentivo aos atos.
Eduardo Bolsonaro
Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) é alvo de uma apuração preliminar da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre pagamentos em dinheiro vivo nas aquisições de dois imóveis na Zona Sul do Rio de Janeiro entre 2011 e 2016.
O caso e envolve duas transações imobiliárias que custaram R$ 150 mil em espécie ao parlamentar (R$ 196,5 mil em valores corrigidos pela inflação). As informações a respeito das transações constam das escrituras públicas desses imóveis, disponíveis em dois cartórios do Rio. O valor diz respeito a uma parte do pagamento dos imóveis.
A compra mais recente foi feita por Eduardo em 2016, quando ele estava no seu primeiro mandato como deputado federal. Três anos antes de ser eleito deputado, Eduardo comprou um outro apartamento em Copacabana. O apartamento foi vendido por R$ 160 mil e na escritura ficou anotado que o pagamento ocorreu por meio de um cheque administrativo de R$ 110 mil. O valor restante foi pago em espécie.
O parlamentar também investigado pela CPMI das Fake News. Em março de 2020, em uma reunião do grupo, o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) disse que documentos enviados pelo Facebook à Câmara implicavam Eduardo Guimarães, um assessor de Eduardo, no esquema de ataques virtuais.
Eduardo também é alvo ainda de investigação da Polícia Federal que apura a realização de atos antidemocráticos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. Em depoimento à Polícia Federal no mês de dezembro de 2020, o deputado negou que tenha repassado mensagens falsas e conteúdos que incitassem a animosidade das Forças Armadas contra o STF ou estimulassem desrespeito a ordens judiciais.