Cotada para Saúde, médica defende isolamento social e é contra uso de cloroquina

Possível substituta de Pazuello, a médica Ludhmila Hajjar perdeu força por críticas ao presidente Jair Bolsonaro e defesa de medidas de isolamento social

Um dos nomes cotados para substituir o ministro da Saúde Eduardo Pazuello no cargo, a médica Ludhmila Abrahao Hajjar é uma defensora do isolamento social como forma de conter o avanço da pandemia de Covid-19.

Cardiologista, Hajjar mantém outras posições que se chocam frontalmente com o que defende o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como o uso de cloroquina.

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Em entrevista recente, a profissional, que tem atuação destacada no setor privado, já se manifestou contrariamente ao emprego do medicamento, cuja eficácia contra Covid não é comprovada cientificamente, segundo atestam autoridades sanitárias.

“Sabemos que cloroquina não funciona há muitos meses, que azitromicina não funciona há muitos meses, que ivermectina não funciona há muitos meses. Mas ainda tem esses kits por aí”, disse a médica ao jornal Opção, de Goiás.

“Tem conselhos que defendem. Tem conselhos que não negam. É uma conjunção de fatores – o não conhecimento e a não adoção de práticas baseadas em evidências científicas – que só coloca a vida das pessoas em risco”, acrescentou.

Sobre o desempenho do Governo Federal no enfrentamento à doença, Hajjar afirmou que “não era nunca para estarmos em crescimento do número de doentes mortos, sendo que o mundo todo demonstra uma queda”.

“O Brasil está fazendo tudo errado e está pagando um preço por isso”, complementou. “Hoje temos um número muito pequeno da população vacinada. Isso tudo tem um resultado hoje catastrófico, que estamos, infelizmente, assistindo no nosso dia a dia. O Brasil já deveria estar hoje com cinco ou seis vacinas disponíveis.”

Embora não esteja alinhada com as ideias antivacina e anticiência de Bolsonaro, o nome de Ludhmila Hajjar é respaldado publicamente por interlocutores de força, como o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

“Coloquei os atributos necessários para o bom desempenho à frente da pandemia: capacidade técnica e de diálogo político com os inúmeros entes federativos e instâncias técnicas. São exatamente as qualidades que enxergo na doutora Ludhmila”, comentou Lira neste domingo, 14.

“Espero e torço para que, caso nomeada ministra da Saúde, consiga desempenhar bem as novas funções”, argumentou o deputado, para quem o atual ocupante do posto, ministro Pazuello, perdeu condições de seguir na função.

Lira concluiu: “Pelo bem do país e do povo brasileiro, nesta hora de enorme apreensão e gravidade. Como ministra, se confirmada, estarei à inteira disposição”.

Pazuello, no entanto, indicou que pode permanecer no Ministério da Saúde ainda por algum tempo. Por meio de nota, o general negou que esteja doente e que pretenda deixar a pasta.

“Não estou doente, não entreguei o meu cargo e o presidente não o pediu, mas o entregarei assim que o presidente solicitar. Sigo como ministro da Saúde no combate ao coronavírus e salvando mais vidas”, declarou a assessoria de Pazuello, atribuindo as declarações ao militar.

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