Conheça o "G9", grupo de vereadores que virou a "pedra no sapato" do prefeito de Aquiraz

Parlamentares dobraram valor e tempo do auxílio emergencial municipal proposto pelo Executivo, gerando reação do prefeito Bruno Gonçalves (PL), que deve vetar o projeto sob justificativa de não ter como pagar o novo valor

Em Aquiraz, um grupo de nove vereadores de oposição intitulado G9 entrou em rota de colisão com o prefeito Bruno Gonçalves (PL), no que diz respeito ao auxílio emergencial do município. Na última terça-feira, 9, a Câmara aprovou, por oito votos a seis, emendas ao projeto enviado por Gonçalves que previa duas parcelas do benefício, de R$ 250, durante dois meses.

O Legislativo aumentou o valor do repasse para R$ 500 e ampliou o tempo do auxílio para quatro meses; gerando reação do prefeito, que adiantou que vetará a matéria em seu formato atual por não ter como pagar o valor determinado pela Casa.

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Liderado pelo presidente da Câmara Municipal de Aquiraz, Jair Silva (PP), o G9 tem participação dos vereadores Carlos César (PCdoB), Fernando do Picão (PCdoB), Neide Queiroz (PDT), João Paulo (PP), Vandinho (PDT), Chico Carlos (PDT), Ney Pires (PP) e Babá (PDT). A formação aconteceu após a eleição municipal de 2020, por iniciativa dos nove parlamentares eleitos na chapa do candidato a prefeito derrotado nas urnas, Edson Sá (PDT).

Apesar dos constantes enfrentamentos à gestão de Gonçalves, Jair alega que o G9 não "é de oposição ao prefeito eleito", mas "independente. "Nosso objetivo é defender os direitos sociais da população, fiscalizar a gestão e tocar os projetos que são importantes da cidade", desta. Segundo ele, o grupo possui 16 projetos aprovados na Câmara Municipal, todos relacionados a transparência pública. Eles têm publicado vídeos nas redes sociais em que questiona o prefeito sobre o valor inicial do auxílio e cobra que o Executivo sancione a matéria com ampliação de valores.

“O grupo G9, vendo o orçamento de mais de R$ 270 milhões da prefeitura de Aquiraz nesse ano, alterou o Auxílio para R$ 500,00 durante quatro meses para atender e priorizar as famílias nesse momento de crise”, afirmou Silva. O vereador revela que “fez um estudo” e por isso defende que o município “pode pagar um valor maior” a partir do orçamento previsto para este ano. 

"O nosso estudo foi a partir do orçamento do ano passado. Com todo o problema da pandemia tínhamos a expectativa de arrecadar R$ 268 milhões. Quando fechou dezembro de 2020, a prefeitura fechou o orçamento em R$ 281 milhões e algumas frações, o que significa dizer que essa história de queda de receita não se sustenta", afirma Jair. Segundo ele, a proposta é válida pois o valor corresponde a apenas 2,13% do orçamento do município. 

Silva critica falta de proatividade da prefeitura em discutir um ponto em comum entre as propostas de auxílio. Nesta quinta-feira, 11, ele adiantou ter dado "um passo para trás" para tentar uma negociação. "Nós estamos dispostos a dialogar com o município para sentar as duas equipes técnicas, da Câmara e município, para tentar a um denominador comum. Três meses com uns 270 reais, conforme fosse o diálogo, foi proposto hoje", disse. 

O vereador Ney Pires (PP), um dos integrantes do G9, sugeriu que, no molde original, o projeto parece mais "coisa de articulação política do que para ajudar a população”.

Bruno Gonçalves, por sua vez, tem utilizado as redes sociais para justificar o motivo pelo qual deve vetar a matéria; segundo o gestor, o momento crítico na saúde fez os gastos "triplicarem". “Para pagar o auxílio tem que tirar de algum lugar, o lençol é curto (...) infelizmente, não dá para a prefeitura pagar um auxílio de 500 reais”, disse acusando os vereadores de “politicagem barata”.

"Viemos substituir uma gestão antiga, a qual prefeito e esses vereadores nunca criaram um benefício social para a população", declarou. O gestor também acusou o G9 de “inviabilizar um processo analisado por técnicos” e chamou o ato de “maior absurdo político da história de Aquiraz”.

O Executivo tem 15 dias para se manifestar, a partir da data do recebimento da matéria aprovada, respondendo se sanciona ou não o projeto. Caso o prefeito vete a proposta, o texto voltaria à Câmara, onde passaria por nova rodada de discussões nas comissões e apreciação em plenário. O Legislativo pode derrubar o veto e a lei pode ser promulgada.

Colaborou Filipe Pereira


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