O PT polariza desde 1989, recorda Lula, projetando 2022 contra Bolsonaro

Enquanto alguns segmentos, sobretudo do centro, rendem críticas ao verbo "polarizar", Lula se apropria dele. Diz abertamente que esta é a intenção do PT, por saber que a legenda ainda é a força de maior relevo no polo que se opõe ao presidente

O ex-presidente Lula disse em coletiva de imprensa que o Partido dos Trabalhadores (PT) polariza disputas eleitorais desde 1989, quando, nas próprias palavras, era "um zé ninguém", enfrentou Fernando Collor de Mello e perdeu. 

Na sequência dos anos, segundo recordou o petista, as disputas nacionais foram protagonizadas por PT e PSDB. 

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O ex-presidente fez breve resgate histórico para projetar 2022, externando que sua expectativa é de que o desenho eleitoral se assemelhe ao dos anos passados, ou seja, se dê com o PT e Jair Bolsonaro (sem partido) - representando a direita e a extrema-direita - em lados opostos. 

"A gente pode polarizar com quem quer que seja, desde que seja a esquerda polarizando com a direita."

Enquanto alguns segmentos colocam no centro de suas críticas a palavra polarização, Lula se apropria dela. Diz abertamente que esta é a intenção do PT por saber que a legenda ainda é a força de maior relevo no polo que se opõe a Jair Bolsonaro. 

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Ele não respondeu abertamente se será o nome da agremiação na disputa, embora seja o mais cotado após decisão de Edson Fachin, do STF. O ministro da Suprema Corte anulou todas as condenações no âmbito da Lava Jato que o impediam de ser candidato.

De volta à possibilidade do jogo eleitoral, o petista afirmou que no momento certo se dedicará à construção de alianças.

Citou o Congresso Nacional, frisando que aquele espaço não é composto somente por esquerdistas, num modo de dizer que irá à classe política travar esses diálogos independentemente de espectros ideológicos.

Na prática, a fala de Lula quer dizer que o PT fará mais uma vez movimentos ao centro e até à centro-direita quando a disputa iniciar.

Ao descrever as características da próxima aliança nacional, o líder petista citou José de Alencar (então no PL), empresário que foi seu vice em 2002, naquela campanha presidencial que terminaria vencendo José Serra (PSDB). A fala dele também alcançou partidos de esquerda.

A considerar a análise de Lula, o PT andará pelo menos do Psol ao Democratas de Rodrigo Maia.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, aliás, fez aceno ao petista logo que o discurso dele foi encerrado. O demista o comparou com Bolsonaro, colocando uma linha entre os dois.

Segundo Maia, Lula demonstra ter visão de País, ao passo que o capitão do Exército "só enxerga o próprio umbigo."

Nessa segunda-feira, 8, Arthur Lira (PP-AL), atual presidente da Câmara dos Deputados, publicou nas redes sociais que Lula poderia "até merecer" o benefício político contido na decisão de Fachin, mas Moro - o de não ter a suspeição julgada -, jamais. 

Grupos bolsonaristas nas redes ficaram inicialmente estáticos com a manifestação do alagoano, recentemente apoiado por Bolsonaro ao principal assento da Câmara, como se uma interrogação estivesse se instalado entre apoiadores do presidente.

Em seguida, reprovaram a fala de Lira. Por mais que tenha mirado no ex-juiz, o comentário do deputado resvalou mais destacadamente no petista.

Outra interpretação foi de que aquela publicação teria demonstrado um movimento embrionário dessas forças, já ensaiando desembarque numa eventual candidatura de Lula.

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